Asssita ao vídeo: Eu, o Vinil e o Resto do Mundo

Na proximidade da crise dos 40, duas publicitárias, amigas desde os tempos em que estudaram na USP, resolveram desorganizar um pouco suas vidas. Acreditavam estar sofrendo do que chamaram de “crise do olhar”, cansadas de gastar tempo só vendendo produtos. Mergulharam no caos que lhes parecia a periferia paulistana.. O resultado vai ser mostrado hoje durante um festival de documentário.

Lila Rodrigues e Karina Ades lançam “Eu, o Vinil e o Resto do Mundo” – uma investigação, durante 4 anos, sobre o universo dos DJs, seus códigos e baladas. “Reaprendemos a olhar o mundo”, conta Karina. “O que não sabemos direito é o que fazer com esse aprendizado”, emenda Lila.

Formada em semiótica, Karina, foi  trabalhar com publicidade, vivendo na rotas da zona oeste de São Paulo, protegidas por muros. Na “crise do olhar”, ela estava crescentemente incomodada em produzir filmes publicitários disseminando as imagens de um mundo – e uma estética – assépticas. Como produzia videoclipes recebeu um convite, em 2006, para filmar um campeonato de DJs em São Paulo – naquele ano, comemorava-se o décimo aniversário do evento “Notei que estava diante de uma aventura.”

A aventura não era produzir o video sobre campeonato, mas investigar como viviam os DJs e os segredos daquela tribo. Encontro sua amiga Lila, formada em cinema, com a mesma crise. Sem nenhum dinheiro, saíram pela inóspita periferia atrás de seus personagens.

Pela primeira vez, Karina usaria, involuntariamente, seus conhecimentos de semiótica para entender a linguagem dos DJs. As duas amigas acabaram aprendendo os sinais de uma cidade São Paulo. Descobriram toda uma rede de solidariedade na periferia, desconhecida para ela no universo dos incluídos paulistanos, onde os vizinhos nunca se encontram “Muitas vezes, senti que caos estava no meu mundo, não no deles, apesar de tanta pobreza”, diz Lila. Agências de publicidade, afinal, não são ambientes exatamente angelicais e harmônicos.