Projeto feminista promove troca de cartas entre as mulheres

A iniciativa conta com o trabalho voluntário de ilustradoras fixas e convidadas

Receber uma carta pelo correio escrita por amigos ou familiares é algo cada vez mais raro nos dias de hoje. Mas um grupo de jovens de Brasília (DF) está resgatando esse hábito do passado com o projeto feminista Eu vejo flores em você. A ideia, criada por Daniela Duarte, 22 anos, tem como objetivo estimular a união de mulheres e promover a troca de cartas de apoio entre elas.

Para dar vida às cartas, que são enviadas e produzidas pelas participantes, a iniciativa conta com o trabalho de ilustradoras fixas e convidadas. O projeto, destinado somente a mulheres, tem 36 voluntárias em todo o Brasil, entre organizadoras e artistas que ilustram cada mensagem com muito carinho e atenção.

O projeto tem como objetivo estimular a união entre as mulheres

Tudo começou com algumas ilustrações usadas por Daniela em uma carta que escreveu para apoiar uma amiga que passava por problemas na época. “Eram ilustrações simples, mas chamaram muito a minha atenção. Usei uma delas, em que uma mulher estava deitada no colo de outra. Estávamos ambas passando por um momento muito difícil de nossas vidas. A frase ‘eu vejo flores em você’, por mais batida e clichê que seja, foi a que mais ilustrava o meu sentimento por ela”, conta a jovem. Essa carta pode ser lida aqui.

Como a mensagem fez muito bem para sua amiga, Daniela decidiu transformar a ideia em algo maior para empoderar outras mulheres. Em janeiro de 2015, após reunir outras ilustradoras interessadas em participar, ela decidiu lançar o projeto e, no início, arcava sozinha com os custos das cartas, mas logo conseguiu patrocínio do Laboratório Sabin.

Hoje a iniciativa conta com 36 voluntárias em todo o Brasil

Segundo a idealizadora, o intuito do projeto é incentivar e expor a união entre mulheres com o objetivo final de criar redes de apoio. “Queremos que as mulheres sintam e saibam que podem contar umas com as outras sempre que estiverem passando por problemas. Queremos combater violência e solidão com acolhimento e afeto”, completa. A iniciativa tem apoio do ANIS (Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero) e do Balaio Café, ponto de encontro de artistas de Brasília e de manifestações sociais.

Para mandar uma carta, basta ter o endereço da mulher que será contemplada e escrever uma mensagem à mão ou pelo computador, que deverá ser enviada no site do projeto. Lá, um formulário é preenchido e, após o envio, as organizadoras repassam as cartas para as ilustradoras. É possível pedir que o texto seja datilografado em máquina de escrever. Por último, outra voluntária deixa as cartas no correio. O processo cuidadoso é feito sem nenhum custo.

O trabalho do projeto é feito sem nenhum custo

Ao ser questionada sobre o que o feminismo representa em sua vida, Daniela afirma: “O feminismo muda nossa relação com nosso comportamento, nosso corpo, nossa casa, nossa família. Acredito que a mudança mais profunda que ele provoca é na nossa relação com outras mulheres: não mais rivais, somos irmãs, caminhando de mãos dadas em direção à um mundo menos violento”.

Leia algumas das cartas: