Exilado na Alemanha, Jean Wyllys desabafa sobre o Brasil
Ex-deputado federal questionou: ‘Que país é esse que acha natural desejar e incentivar a morte de alguém?!’
Exilado voluntariamente na Alemanha desde janeiro deste ano, Jean Wyllys fez um longo desabafo sobre as inúmeras agressões que sofreu antes de tomar a decisão de deixar o Brasil, após Jair Bolsonaro, seu desafeto, ser eleito presidente da república.
O ex-deputado federal enumerou que foi xingado de pedófilo por uma senhora em um aeroporto, ouviu de um taxista “eu vou te matar!” e foi perseguido por um grupo de homens tarde da noite na região da Lapa, no Rio de Janeiro, na saída de um evento político.
“[…] Perdi a conta de quantas vezes ouvi que de 2019 eu não passaria. Que país é esse que acha natural desejar e incentivar a morte de alguém?!”, declarou à revista “GQ”.
Apesar de estar se adaptando à nova terra, Jean admitiu que sente muita falta de sua família e das pessoas queridas que já passaram pela sua vida. “Se pudesse levar meus amigos e minha família para Berlim eu viveria muito bem por lá”, completou.
Wyllys deixou o Brasil, contudo, o trauma pela violência que sofreu dos apoiadores do presidente fez com que ele ficasse alerta todo o tempo: “Se eu corro de brasileiro é porque não sei se vou encontrar gente bacana, que vai dizer que sente a minha falta, ou se serei mais uma vez insultado. Ser vítima de tantos ataques no meu próprio país abriu feridas que só o tempo vai cicatrizar”.
O ex-deputado completou: “Me contive em respeito ao meu cargo. Mas aqui para eu sentar a mão na cara de alguém não vai demorar dois segundos. Se me xingarem, se me ofenderem, eu vou dar tapa, vou gritar, vou chamar a polícia. Tenho medo é do que eu possa vir a fazer”.