Exposição homoafetiva é vandalizada por homofóbicos em Salvador
A frase "Só bala", em apologia à morte de LGBTs, foi escrita em uma das fotos que compunham a exposição
Uma exposição fotográfica representando o amor entre pessoas do mesmo sexo foi alvo de ataques de vândalos e homofóbicos em Salvador na última terça-feira, 3.
As imagens espalhadas pelas ruas da capital baiana fazem parte do projeto “É só amor” e foram colocadas em espaços previamente estudados e selecionados pelo artista Luiz Antônio Sena Jr. O projeto foi aprovado em edital público e tem o acompanhamento da Fundação Gregório de Mattos.
“Não estamos colando fotos em muros alheios. Foram espaços estudados. Temos autorização”, afirmou o artista em entrevista ao G1.
- São Caetano inaugura parque linear na Kennedy e entrega Cidade das Crianças revitalizada
- Viajar sozinha no Brasil: 3 lugares para uma experiência transformadora
- 8 cursos gratuitos sobre sustentabilidade e ESG
- Sintomas comuns de câncer de fígado que podem ser confundidos com indigestão ou outras condições mais simples
Em uma das fotos, que traz o rosto de Luiz, os vândalos escreveram “só bala” na testa, em uma referência que pode ser entendida como apologia à morte de LGBTs.
“Eu me senti ameaçado. Foi algo com um tom de alerta. Mas, por outro lado, também acaba fazendo com que a gente potencialize a ação de que a gente precisa, sim, levantar a questão, buscar lugares de reflexão, para mover a discussão na cidade”, declarou.
“A gente está falando de amor, da possibilidade da homoafetividade existir de modo respeitável. São direitos de existir, de amar. Se essa pessoa é capaz de violentar algo assim, que não tem nada de promíscuo, de carnal, que só são ações de amor, de modo poético, creio que ela seja capaz de agredir uma pessoa e até provocar a morte se ver essas cenas pessoalmente. O bilhete que está escrito na minha testa, naquele mural, me levar a crer nisso”, desabafou o artista.
Ainda segundo o G1, as obras estavam na primeira etapa da ação, que contaria ainda com outras duas, quando novas imagens seriam espalhadas nas ruas, e, em seguida, Luiz Antônio faria uma intervenção jogando tinta vermelha nas imagens, simbolizando, justamente, o preconceito a que os LGBTs estão submetidos diariamente que, não raro, resulta em violência física e morte.
Após o ataque, o processo foi interrompido e o artista estuda formas legais de acionar a Justiça a fim de solucionar o problema.
“Estamos buscando contato com advogados para entender que tipo de atitude a gente pode tomar […] Estamos vendo se podemos acionar o Ministério Público. Estamos dialogando com o pessoal do jurídico”, afirmou.
Saiba como denunciar homofobia
Embora não seja considerada crime, a homofobia é hoje uma das práticas de ódio mais comum no dia a dia. A ojeriza motivada pela orientação sexual de outrem deixa marcas que, quando não fatais, psicológicas.
No Brasil, de acordo com dados do Grupo Gay da Bahia, uma pessoa LGBT é morta a cada 19 horas. Em 2017, a entidade computou 445 homicídios desse tipo, o que representa um aumento de 30% em relação ao ano anterior.
No link abaixo, saiba o que fazer em caso em caso de homofobia e como identificar quando você está sendo vítima de um ataque homofóbico.