Faustão justifica frase machista e reforça estereótipos
"Tem mulher que gosta de homem que dá porrada", disse o apresentador no programa do dia 6 de novembro
Após afirmar em seu programa que “tem mulher que gosta de homem que dá porrada”, Fausto Silva se defendeu das acusações de machismo que tomaram as redes sociais. Neste domingo, dia 13, depois de receber oficio da Defensoria Pública do Estado de São Paulo relatando que sua declaração feria a Constituição, o apresentador disse que sua fala foi descontextualizada e que muita gente “não entendeu”.
“Quando eu disse sobre a ‘questão da porrada’ não é nada disso que muita gente, muita gente, não, algumas pessoas entenderam. Elas [as bailarinas do programa], inclusive, entenderam, porque são meninas que fazem faculdade”, justificou Faustão, reforçando estereótipos.
“Às vezes, você fala para uma amiga ‘não se mete com esse cara porque ele é galinha ou ele é porco, é pão duro ou é bebum’, aí o que acontece, a mulher não ouve o amigo ou a amiga, ela insiste porque ela acha que vai recuperar, e foi isso que falamos aqui”, completou.
- Estudante é estuprada e morta em festa de calouros da UFPI
- Lula reforça compromisso contra a fome e alfineta Bolsonaro em discurso
- A merda que pode dar na democracia se Bolsonaro for reeleito
- Agosto lilás: ONU lança campanha sobre violência doméstica
A declaração do apresentador, no entanto, só reforçou a culpabilização das vítimas. Para ele, é simples deixar um relacionamento abusivo. “A violência doméstica é crime. A gente fala sobre isso há muito tempo, há mais de 20 anos. Agora, também é aquilo, se você está com relacionamento sério, o cara é grosso, te trata mal, não vale a pena também [continuar no relacionamento]”, afirmou.
Relembre o caso
No domingo, dia 6 de novembro, o apresentador Fausto Silva soltou uma frase pra lá de machista durante o “Domingão do Faustão”. Ele afirmou que “existe mulher que gosta de porrada”, uma frase que pode incentivar o criminoso ato da violência doméstica.
A frase gerou revolta nas redes sociais. A ONG Rede Mulher e Mídia, um coletivo feminista de direitos às mulheres, e que luta contra a violência doméstica, enviou à Globo um pedido de direito de resposta durante o programa do apresentador.
Para as ONGs, as declarações do apresentador são ofensivas, “atentam contra a dignidade da mulher, uma vez que reforçam estereótipos que há muito vêm sendo rechaçados pelo conjunto das mulheres brasileiras”, e “corroboram para a manutenção do machismo”. Elas dizem que, “como concessão pública, a TV Globo deve manter alguns compromissos com a ética e a dignidade humana”.