Fêmeas no poder: 10 animais com fêmeas dominantes
De abelhas-rainhas a macacos adeptos do "amor livre", descubra como são algumas das sociedades matriarcais mais incríveis da natureza
Por Melissa de Miranda
A World Animal Protection Brasil selecionou algumas das fêmeas mais fortes da natureza – que lideram bandos de até 300 indivíduos e algumas que aprenderam até a se reproduzir sozinhas. Confira:
1. ABELHAS
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Uma das sociedades mais organizadas da natureza é comandada por uma fêmea: a abelha-rainha.
Na verdade, quase a população inteira é composta por fêmeas. A matriarca lidera um verdadeiro exército de operárias, que trabalham juntas para alimentar a rainha e manter a colmeia. Se você viu uma abelha por aí, ela provavelmente era fêmea.
Os machos existem em menor número, para fins reprodutivos. Uma vez que cumprem sua função, infelizmente, eles morrem.
2. BONOBOS
Conheça os bonobos: uma comunidade de amor livre, liderada por fêmeas.
Aí vai uma curiosidade… As duas espécies de primatas mais parecidas com os humanos são os bonobos e os chimpanzés. Mas elas não poderiam ser mais diferentes entre si: uma é liderada pelos machos e mais agressiva – os chimpanzés frequentemente resolvem os seus conflitos através da violência. A outra é comandada pelas fêmeas e mais pacífica – os bonobos resolvem os seus conflitos com favores sexuais, inclusive entre duas fêmeas.
O motivo? Estudos indicam que um ancestral comum teve sua população dividida pela formação do Rio Congo. Os que ficaram do mesmo lado que os gorilas evoluíram para uma espécie agressiva, competindo por comida e território (os chimpanzés). Já na outra margem, sem ameaças por perto, o segundo grupo adotou um estilo mais “paz e amor”.
Os bonobos estão entre as poucas espécies na natureza não fazem sexo só para fins reprodutivos, mas também por prazer – assim como os humanos. E mantêm fortes laços sociais e familiares.
3. ORCAS
Apesar da injusta fama de “baleias assassinas”, as orcas também mantêm fortes laços sociais e familiares. Estão entre poucos animais que passam a vida toda com suas mães, mesmo depois de ter os seus próprios filhotes. Sendo assim, um grupo de orcas costuma ser formado por várias famílias. Lideradas pela fêmea mais velha (a matriarca), essas orcas caçam juntas e cuidam dos filhotes umas das outras.
4. ELEFANTES
Os elefantes são os maiores animais da terra e também um dos exemplos mais bonitos de sociedade matriarcal.
As manadas costumam ser lideradas pela fêmea mais velha. E apesar da matriarca ser geralmente maior do que os outros (em tamanho), o que importa mesmo é a sua experiência. Muitas vezes, na natureza, a hierarquia entre os animais é estabelecida pela força. Mas os elefantes são seres altamente sociais e inteligentes. A matriarca é aquela que sabe onde encontrar água ou como melhor defender os filhotes. Uma única fêmea experiente chega a liderar de 8 até 100 elefantes.
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5. HIENAS
Já as hienas comandam grupos de até 60 indivíduos. E “comandam” é a palavra certa aqui – as fêmeas são significativamente maiores e mais agressivas do que os machos.
São elas que ficam com a maior parte da comida. Apesar da fama de carniceiras, as hienas são ótimas caçadoras em grupo. Quando matam uma presa, as fêmeas dominantes se alimentam primeiro. Os machos que não conseguem comer o suficiente usam as suas “horas extras” para encontrar alguma carcaça abandonada na savana.
Como se não bastasse, as fêmeas também possuem um pseudo-pênis. O órgão – um clitóris alongado – chega a ficar ereto e é usado para urinar, acasalar e dar luz aos filhotes.
6. LÊMURES-DE-CAUDA-ANELADA
Os lêmures são um caso curioso. As fêmeas e os machos têm o mesmo tamanho – e teoricamente a mesma chance de lutar pela liderança. Por que então a maioria das sociedades são dominadas por fêmeas? É isso que os pesquisadores gostariam de descobrir…
7. LEÕES
Ele usa a coroa, mas é ela que manda no pedaço.
As leoas são – provavelmente – as fêmeas mais injustiçadas da natureza. Em média, um bando tem 13 fêmeas. Elas mantêm uma sociedade matriarcal e dividem as tarefas comunitariamente, cuidando dos filhotes umas das outras. Além disso, são exímias caçadoras. São as leoas que emboscam e matam as presas – e não o temido “rei da selva”.
O bando é mantido por fêmeas da mesma linhagem, ao longo de várias gerações, enquanto o leão reprodutor vem de fora e pode ser substituído por outro mais forte. As disputas por território são comuns entre os machos. Mas não se engane: as leoas são perfeitamente capazes de enfrentar e afugentar um macho indesejado. Você não ia querer cruzar o seu caminho…
8. SURICATAS
Os suricatas vivem em grandes colônias matriarcais – às vezes, com até 40 indivíduos. A fêmea dominante lidera esses pequenos mamíferos pela savana em buscas de novas tocas e em disputas por território contra outros suricatas.
9. RATOS-TOUPEIRAS PELADOS
Além de dominar as savanas, o oceano, as copas das árvores e até o ar… as fêmeas estão comandando também debaixo da terra. Os ratos-toupeiras vivem em grupos de até 300 e seguem uma “alfa” fêmea.
10. FORMIGAS
Por fim, voltamos aos insetos. As formigas têm sociedades matriarcais muito parecidas com as das abelhas – uma rainha e milhares de operárias, que mantêm o formigueiro sempre ativo. Os poucos machos cumprem função reprodutiva. E às vezes, nem isso…
Existe uma espécie de formigas na Amazônia (Mycocepurus smithii) que é composta apenas por fêmeas. Como é possível? Segundo a pesquisadora Anna Himler, essas formigas são excelentes fazendeiras. Elas aprenderam a cultivar fungos – pequenos organismos que se reproduzem assexuadamente – e em algum momento assimilaram as mesmas características evolutivas.
Todas as formigas da colônia são clones da rainha, o que as deixa mais suscetíveis a epidemias. Por outro lado, a ausência de machos poupa a energia da matriarca. Todas as crias passam a ser fêmeas e, portanto, mais mão-de-obra para o formigueiro.
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EXTRA: Peixes abissais
Esta não é uma sociedade matriarcal, mas vale mencionar: as fêmeas da família Ceratiidae costumam vagar sozinhas pelos abismos mais extremos do oceano. São lugares onde a pressão da água é tão grande que a maioria das espécies não sobreviveria. Mas espera – onde estão os machos?
Os peixes da família Ceratiidae são tão menores que as fêmeas que, por anos, os cientistas acreditaram se tratar de um parasita.
A realidade não é tão melhor assim. O macho nasce sem aparelho digestivo e precisa rapidamente encontrar uma fêmea – senão ele morre. Os “sortudos“ acoplam o seu corpo no da fêmea, como verdadeiros parasitas, compartilhando parte da comida apanhada e digerida por sua enorme companheira. Mas fica pior (desculpa, meninos!): aos poucos, o macho vai se desintegrando para que a fêmea possa usar os seus espertozóides para se reproduzir.