FHC declara #EleNão contra Bolsonaro e sinaliza apoio a Haddad
Ex-presidente descartou votar no deputado
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso assume publicamente o #EleNão e sinaliza apoio a Fernando Haddad.”Bolsonaro representa tudo o que eu não gosto”, declarou ao “Estadão”.
Na entrevista, ele descartou voto no deputado e disse que existe campo de diálogo com Haddad: “Eu não diria aberta, mas há uma porta. O outro não tem porta. Um tem um muro, o outro, uma porta. Figura por figura, eu me dou com Haddad. Nunca vi o Bolsonaro”.
“Não tenho alternativa. Estou com o Haddad”, afirmou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ao avaliar os caminhos que o PSDB deveria seguir no segundo turno, em conversa reservada com amigos.
Embora negue publicamente, Catraca Livre apurou que, por exclusão, seu apoio é para Haddad.
Ao jornalista Bernardo Mello Franco, de O Globo, ele declarou: “Nenhum dos dois é do meu agrado, mas o Bolsonaro está excluído. Não tem sentido. O Bolsonaro não tem jeito. É uma folha seca que vai com o vento. E a ventania está forte”, disse, deixando em aberto se iria ou não apoiar Fernando Haddad.
Na conversa com o colunista de “O Globo”, FHC também criticou Haddad: “O PT levou o Brasil ao buraco econômico. O Haddad começou a campanha vestindo a máscara do Lula”, criticou.
“Quem ganhou a eleição tem que dizer o que vai fazer com o país. Por que eu vou sair correndo para apoiá-lo? Vou esperar”, disse.
Em coluna anterior de Bernardo Mello Franco já admitia uma aliança PT- PSDB, quando ainda havia alguma esperança de Geraldo Alckmin decolar:
“Não farei objeção a que o PT nos apoie. Naturalmente, isso significa também que não haveria objeção ao contrário. Mas nós pensamos de forma diferente”.
Há algum tempo, ele dizia, reservadamente, que Geraldo Alckmin não teria chances nesta eleição.
Desde o ano passado, ele insistia em nome alternativo que estivesse fora da política: Luciano Huck. Mas não deu certo.
FHC diz que não gostaria de ver da volta do PT ao Planalto, por considerar que o partido não defende o que considera as reformas necessárias para o país – especialmente a da Previdência. Considera, ainda, que o PT não tem uma visão econômica “correta” sobre como devolver o crescimento ao país, já que defende uma presença forte do Estado.
Mesmo assim, o tucano considera que Bolsonaro seria uma opção pior, uma “ameaça” à democracia. FHC suspeita que, com o deputado, haverá um risco autoritário permanente e crise institucional, devido à sua fragilidade de apoios no Congresso.
Na época da ditadura, FHC foi exilado. Existe também uma questão pessoal: o candidato do PSL chegou a dizer, em entrevista a uma emissora, que fuzilaria Fernando Henrique Cardoso, acusando-o de corrupção.
Apesar das divergências políticas, FHC tem um bom relacionamento pessoal com Haddad – ambos têm a mesma base acadêmica, a USP. Haddad já disse publicamente que pretende procurar o PSDB para obter apoio na disputa de um eventual segundo turno.