Filho de Mussum relata racismo em shopping do Rio
Dentista Igor Palhano foi impedido de deixar o shopping com sua moto sob a alegação de que o veículo havia sido roubado
O dentista Igor Palhano, 30 anos, filho do ator e humorista Mussum, usou as redes sociais para relatar que foi vítima de racismo em um shopping da zona oeste do Rio de Janeiro na última quarta-feira, 2.
Igor relata que foi impedido de sair do Shopping Park Jacarepaguá com sua moto sob a alegação de que o veículo seria roubado. Os funcionários teriam dito a ele que o procedimento é uma medida de segurança.
O filho de Mussum contou que foi ao shopping para acompanhar a esposa, que foi trocar roupas. Segundo o dentista, um pouco depois um segurança negro, que se dispôs a ajudar, concordou que se ele fosse branco o caso não teria acontecido.
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Após o ato racista, Igor diz que procurou a administração do shopping e o Serviço de Atendimento do Consumidor –que já estava fechado-, para reclamar. Ele conseguiu deixar o local, nas foi “escoltado” por outros seguranças até a saída.
“Eu disse que isso era uma vergonha e uma falta de respeito e que se eu fosse branco com certeza não seria assim, pois eu apresentei os documentos e mesmo assim proibiram a minha saída do shopping. E depois fui escoltado feito um bandido até a porta”, desabafou.
https://www.instagram.com/p/Can902Aj0ik/
O filho do humorista Mussum contou ainda que irá processar o Shopping Park Jacarepaguá. “A gente não pode deixar passar, senão daqui a uns anos, meu filho vai continuar sem poder andar em paz no shopping. É para no futuro, ele não passar por isso”, disse.
Em nota, o Shopping Park Jacarepaguá afirmou que está “apurando o caso internamente” e “que repudia qualquer tipo de discriminação”.
Racismo é crime
Racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89 e deve sempre ser denunciado, mas muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.
Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.
A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro.
No Brasil, há uma diferença quando o racismo é direcionado a uma pessoa e quando é contra um grupo.
Racismo x injúria racial
Assim como definido pela legislação de 1989, racismo é a conduta discriminatória, em razão da raça, dirigida a um grupo sem intenção de atacar alguém em específico. Seu objetivo é discriminar a coletividade, sem individualizar as vítimas.
Esse crime ocorre de diversas formas, como a não contratação de pessoas negras, a proibição de frequentar espaços públicos ou privados e outras atividades que visam bloquear o acesso de pessoas negras. Nesses caso, o crime é inafiançável e imprescritível.
Quando o crime é direcionado a uma pessoa, ele é considerado uma injúria racial, uma uma vez que a vítima é escolhida precisamente para ser alvo da discriminação.
Essa conduta está prevista no Código Penal Brasileiro, artigo 140, parágrafo 3, como um crime contra a honra, sendo o fator racial uma qualificadora do crime.
É importante ressaltar que em casos de racismo, além da própria vítima, uma testemunha pode denunciar o crime. O mesmo não vale para o crime de injúria racial, pois somente a vítima pode se manifestar sobre o ataque na justiça. Conheça outros canais para denunciar casos de racismo.