Flordelis tratava seus 55 filhos de forma diferente, diz investigação
No café da manhã, pão sem manteiga; no almoço e jantar, arroz, salsicha e macarrão; enquanto uma minoria tinha geladeira exclusiva e outros benefícios
Primeiramente vista como uma casa de amor e solidariedade, o lar da deputada Flordelis (PSD), denunciada nesta segunda-feira, 24, como mandante do assassinato de seu próprio marido, o pastor Anderson do Carmo, ganhou nova cara depois da investigação feita pela Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI), da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
O casal era publicamente conhecido por ter 55 filhos, sendo 1 fruto do relacionamento entre os dois, 3 biológicos de outro relacionamento de Flordelis, e 51 adotivos. As investigações apontam que a casa era dividida, e os filhos eram tratados de forma diferente. A primeira geração, formada pelos filhos biológicos e os primeiros a serem adotados, num total de oito, tinham acesso à melhor comida e a quartos melhores na casa em comparação aos outros 47 que chegaram depois.
Chamados de “primeira geração”, o grupo de oito tinha acesso à uma geladeira e a uma despensa, ambas localizadas no segundo andar da casa. Enquanto isso, os outros filhos dividiam quartos coletivos no terceiro andar ou então ficavam limitados à uma alimentação de qualidade inferior.
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No café da manhã, pão sem manteiga. No almoço e jantar, o mesmo cardápio: arroz, macarrão e salsicha. Tudo de acordo com depoimentos prestados à polícia. O cenário surpreendeu investigadores e é bem diferente do que era relatado por Flordelis nas últimas décadas, de que era uma casa de amor e solidariedade.
No segundo andar da casa, havia o quarto de Flordelis e Anderson. No cômodo ficava a geladeira à disposição desse grupo. Os depoimentos dos filhos adotivos prestados à polícia e as investigações mostraram um cenário de mágoas e ressentimentos.
Prisão e denúncia
A Polícia Civil e o MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) denunciaram a deputada federal Flordelis (PSD-RJ) como a mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, morto em 2019.
Por ter foro privilegiado, a parlamentar não será presa agora. Outras dez pessoas também foram denunciadas pelo crime.
O inquérito concluiu que o pastor Anderson foi morto por questões financeiras e poder na família, já que ele controlava todo o dinheiro do Ministério Flordelis, hoje rebatizado de Comunidade Evangélica Cidade do Fogo.
De acordo com as investigações, Flordelis já planejava desde 2018 a morte de Anderson. Segundo a polícia, antes do assassinato a tiros, Flordelis tentou matar o marido pelo menos quatro vezes — uma delas com doses de arsênico na comida. Veja mais aqui.