Formatura de Stanford se transforma em protesto contra o estupro

Formandos protestaram contra a pena de apenas seis meses ao rapaz que estuprou uma aluna dentro da universidade

Estudantes da Universidade de Stanford decidiram usar o tão esperado dia da formatura para protestar contra a cultura do estupro. Em seus chapéus, os jovens escreveram a fração “1/3”, em referência aos dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde. Um terço representa a quantidade de mulheres que vão passar por situações de abuso físico ou sexual durante a vida.

A manifestação foi a maneira encontrada para mostrar indignação pela pena de apenas seis meses a qual Brock Turner foi condenado. O agressor foi julgado após estuprar uma jovem, que estava desacordada, atrás de uma lixeira, durante uma festa em janeiro de 2015 na instituição.

No momento em que proferiu a sentença, o juiz de Santa Clara, Aaron Persky, disse que a prisão terá um “impacto forte” no jovem e ainda disse que foi leniente devido às “referências positivas” e da ausência de histórico criminal do rapaz. A carta de seu pai, que ressalta que a prisão era uma pena “muito severa para um ato que durou apenas 20 minutos” também foi levada em conta.

De acordo com a lei, a pena mínima é de dois anos para crime de estupro, porém Turner a comente seis meses de prisão. Se apresentar bom comportamento, ele pode ser posto em liberdade em três meses, ou ainda menos tempo.

O presidente da Universidade, John Hennessy, pediu para o público fazer um moinuto de silêncio pelos sobreviventes de abuso sexual e outras formas de violência. “A violência, sob todas as formas, se tornou um flagelo em nossa sociedade”, afirmou em seu discurso.

Entre as frases presentes nos cartazes levados por alguns dos 5 mil alunos durante a tradicional caminhada da cerimônia, estavam: “Estupro é estupro”, “Stanford protege estupradores”, “125 anos de cultura do estupro”, e “Não importa se ela estava bebendo”.

Além do protesto dos formandos de Stanford, um avião patrocinado pelo grupo de defesa dos direitos das mulheres UltraViolet sobrevoou o local. Junto à aeronave, havia um banner, com a mensagem: “Proteja os sobreviventes. Não os estupradores”. Ao lado de outras organizações, a UltraViolet pede que Persky deixe o cargo de juiz.

A organizadora do ato, Brianne Huntsman, contou à ABC que a manifestação ressalta a importância de amplificar as vozes das sobreviventes. O cineasta Ken Burns também discursou na cerimônia e, em certo momento, fez um alerta aos formandos. “Se alguém disser a você que foi abusado sexualmente, leve isso a sério e ouça.”

Burns ainda citou a carta escrita pela vítima de estupro. No texto, ela descreve como o abuso impactou sua vida. “Talvez um dia nós tornaremos esse depoimento tão importante quanto a carta de Matin Luther King da prisão de Birmingham”.

Assista ao vídeo: