Fotografias espalhadas por SP e BH relembram seis meses da tragédia de Mariana

Exposição "Depois da Lama" ganha as ruas de São Paulo e Belo Horizonte para lembrar os seis meses do maior crime ambiental cometido no Brasil

Há seis meses, a sirene não tocou, a barragem se rompeu e um mar de lama levou vidas e histórias neste que é considerado o desastre com o maior impacto ambiental do Brasil.

As consequências e cicatrizes que marcam o cenário da destruição estão registradas nas lentes do fotógrafo Ismael dos Anjos, que apresenta a exposição “Depois da Lama” nesta quarta-feira, 5. O projeto expõe, simultaneamente, nas ruas de Belo Horizonte e São Paulo, uma série de imagens que relembra o impacto causado na região e reforça a importância da memória.

“O que me motivou a fazer um trabalho continuado foi conversar com os atingidos pela barragem. Muitos membros da imprensa chegaram até lá, mas um mês depois da tragédia o fluxo já havia diminuído e existia um receio de que eles ficassem esquecidos. Distribuí meus contatos para que eles pudessem recorrer a mim se necessário e me comprometi a trabalhar para que o maior crime ambiental da história do Brasil não fosse esquecido. Já se passaram seis meses, mas muita gente (e um rio inteiro) continua precisando de ajuda. Não podemos esquecê-los”, ressalta Ismael.

Impressas em fine art, as fotos serão espalhadas em postes das duas cidades e ficarão à disposição do público. O fotógrafo também disponibilizará, em seu Facebook e no Instagram, os mapas com a localização dos quadros.

Crime ambiental completa seis meses e região atingida ainda permanece devastada

Seis meses depois, Samarco resiste em pagar multas e moradores ainda sofrem as consequências 

Responsável pelo crime ambiental que destruiu o distrito de Bento Rodrigues (MG), a mineradora Samarco recorre contra as multas ambientais que somam cerca de R$ 430 milhões.  Em meio ao imbróglio jurídico, os maiores condenados pela tragédia ainda são os moradores da região que sofrem com a poeira e o barro que escoa pelos rios mais próximos. O número de ocorrências por respiratórios cresceu quase cinco vezes, em maio, em lação aos últimos anos.

“Acho que as coisas vão acontecendo e é normal que o foco mude (ainda mais em meio à crise política que vivemos), mas também acredito que é possível e necessário retomar assuntos importantes. Nossa atenção, apoio e pressão são as armas que os atingidos têm para pressionar o governo e algumas das empresas mais poderosas do Brasil”, reflete Ismael.

Confira as fotos da exposição “Depois da Lama”, de Ismael dos Anjos: