Funcionária denuncia caso de racismo: ‘Gerente me chamou de escrava’
"Espero que cada vez mais pessoas tenham coragem de falar e não aceitar o preconceito", afirmou Janine Oliveira de 27 anos
Janine de Oliveira Monteiro, de 27 anos, funcionária da loja Rosa Chá, no Shopping Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro denunciou a gerente do estabelecimento por ter cometido racismo. Ela foi chamada de ‘escrava’ pela patroa, durante uma reunião de trabalho na presença de outros funcionários. Segundo a jovem trabalhadora, não foi uma única vez que foi tratada de forma racista. As informações são do jornal Extra.
“Ela apontou para mim e me chamou de escrava, como se fosse algo natural. Resolvi denunciar porque não podemos mais aceitar isso. É hora de abrir a boca e expor o racismo”, afirmou a funcionária.
“Estávamos conversando, eu e outro colega de trabalho, sobre uma receita de bolo de chocolate chamado de ‘Nega maluca’ quando ela começou a abordar temas de judeus e escravos, algo que nada tinha a ver com o assunto. Num determinado momento, ela me usou como exemplo e disse ‘assim como você, escrava’. Foi horrível. Custei a acreditar que ela estava me chamando dessa forma”, relatou Janine.
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Segundo a funcionária vítima de racismo, a gerente seguiu falando como se nada tivesse acontecido.
Além deste episódio, Janine contou que sua bolsa era revistada de forma diferente dos outros funcionários. “Eu questionava e nada era feito. Fora outras vezes em que ela falava que não tinha problemas em sujar o chão porque eu que iria limpar, mesmo eu trabalhando como estoquista”, disse a funcionária.
“É doloroso, ninguém tem o direito de discriminar ninguém. Espero que cada vez mais pessoas tenham coragem de falar e não aceitar o preconceito”
Janine registrou o caso como racismo na 14ª Delegacia de Polícia, no Leblon.
A Restoque, dona da marca Rosa Chá, afirmou por meio de nota que “repudia com veemência qualquer tipo de atitude discriminatória”. A gerente foi afastada das atividades, até que os fatos sejam apurados. A empresa instaurou uma comissão de sindicância para as providências.
O Shopping Leblon afirmou em nota que “a abordagem relatada não condiz com a postura adotada pelo empreendimento, que zela para que todos sejam bem-vindos, oferecendo um ambiente de trabalho, lazer, diversão e compras de forma igualitária a todas as pessoas”. A administração do shopping afirmou que vai reforçar as orientações de boas práticas e conduta entre lojistas.
Racismo: saiba como denunciar
Racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89 e deve sempre ser denunciado, mas muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.
Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.
A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro.
No Brasil, há uma diferença quando o racismo é direcionado a uma pessoa e quando é contra um grupo. Saiba mais como denunciar e o que fazer em caso de racismo e preconceito neste link.
Para ler a reportagem completa do jornal Extra, clique aqui.