Grávida morre após monitor cardíaco de ambulância atingir sua cabeça

Grávida de 7 meses e meio, Kamily Pricila Fernandes de Oliveira morreu após um monitor cardíaco cair em cima da cabeça dela. A paciente, de 20 anos, estava dentro de uma ambulância municipal a caminho de um hospital de Uberaba (MG). O bebê foi salvo e passa bem.

Um procedimento investigativo foi aberto pelo município na última segunda-feira, 16, para apurar as causas do acidente. O pai da jovem disse que a filha foi vítima de negligência. As informações são do g1.

Entenda o que aconteceu com a grávida na ambulância

Marcelo Antônio de Oliveira, pai da jovem, disse que o avô da filha faleceu no dia anterior ao do acidente e, abalada pela perda, ela acabou passando mal e foi levada para a Santa Casa de Misericórdia de Sacramento.

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No mesmo dia, segundo Marcelo, ela recebeu atendimento médico e foi liberada para voltar para casa. Porém, no dia seguinte, Kamily voltou a passar mal em um posto de saúde e foi levada de ambulância até a Santa Casa novamente.

Na unidade, a gestante teve convulsões e precisou ser transferida para o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM). Segundo o pai, ninguém da família conseguiu acompanhá-la na ambulância.

De acordo com o médico Marcelo Sivieri, que está acompanhando a investigação, o monitor caiu na cabeça da gestante depois que o motorista precisou fazer uma manobra brusca.

“O equipamento é preso com um velcro, que se soltou com a manobra. Me disseram que uma enfermeira ainda tentou amortecer a queda do objeto, mas não conseguiu”, relatou por telefone ao g1.

O médico revelou ainda que Kamily sofria de pré-eclampsia, uma condição que acomete gestantes e provoca pressão arterial alta e, em casos mais graves, convulsões.

Depois do monitor atingir a paciente, os socorristas seguiram trajeto até o HC-UFTM, onde a jovem chegou ainda com vida. No local, ela acabou não resistindo aos ferimentos e teve morte cerebral constatada pelos médicos.

O pai de Kamily espera pela retirada dos documentos para definir se irá registrar um boletim de ocorrência:  “Eles erraram, e precisam responder pelo erro.”

A família autorizou a doação de seis órgãos dela para outros pacientes. “Pensei que, já que estava perdendo uma vida, vou pelo menos poder salvar outras seis”, afirmou Marcelo.

O que diz a prefeitura da cidade?

Em nota, a Secretaria de Saúde de Sacramento afirmou que uma enfermeira conseguiu diminuir o impacto do aparelho sobre a cabeça de Kamily na ambulância: “Salienta-se ainda, que uma das técnicas amorteceu sua queda antes do contado com a paciente, que foi avaliada e monitorada pelo médico durante todo o percurso.”

Ainda no texto, o município lamentou o ocorrido, mas disse que atribuir a morte da jovem apenas à queda do equipamento é um “equívoco”.

“A paciente já foi transportada em estado bastante grave, com exames evidenciando acometimento hepático e renal, sem recobrar a consciência em nenhum momento, com pressão arterial extremamente elevada, com baixa resposta à medicação, e apresentando pupilas dilatadas e fixas antes mesmo da transferência, o que já sugeria dano cerebral prévio ao transporte. Portanto, é um equivoco atribuir o trágico desfecho apenas ao lastimável acidente ocorrido, desconsiderando o quadro de base já extremamente grave. Até o presente momento, sem análise de exames de imagem e laboratoriais realizados no Hospital de Clínicas da UFTM, não é possível avaliar até que ponto o acidente ocorrido durante o transporte teve influência sobre o desfecho final”, informou.

Por fim, o comunicado diz também que as “investigações sobre o ocorrido continuarão buscando total esclarecimento de forma mais breve possível”.