Grupos atacam agências de checagem de notícias
Os ataques surgiram após o Facebook iniciar um programa em parceria com as agências Aos Fatos e Lupa
O Facebook iniciou no dia 10 de maio um programa de verificação de notícias postadas na rede social em parceria com as agências Aos Fatos e Lupa. No entanto, desde o anúncio do projeto, jornalistas e colaboradores desses veículos têm sido atacados no próprio Facebook, Twitter e WhatsApp.
Páginas e pessoas públicas, como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o apresentador Danilo Gentili, publicaram posts em que classificam a iniciativa de checagem como “tentativa de censura da direita”, atribuindo às agências e a profissionais que as compõem o rótulo de “esquerdistas”. Os conteúdos incitam o público a “reagir”.
Perfis pessoais de funcionários das plataformas têm sido expostos em montagens, assim como supostas evidências de que as agências estariam seguindo uma ideologia. Além disso, fotos de parentes dos profissionais também foram disseminadas, junto de declarações ofensivas.
- Cristo Redentor ganha trilha com mirante 360º do Rio
- Sintoma de câncer de pele pode ser notado ao subir escada
- Federal de Rondônia abre 2,6 mil vagas em 64 cursos gratuitos
- 3 lugares para viajar sozinha e dicas preciosas para a melhor experiência
Em nota, a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) declarou que a crítica ao trabalho da imprensa é válida e necessária, mas ao “incitar, endossar ou praticar discurso de ódio contra jornalistas, porém, aqueles que reprovam as iniciativas de checagem promovem exatamente o que dizem combater: o impedimento à livre circulação de informações”.
Segundo a associação, o programa do qual as agências de checagem fazem parte não envolve a retirada de conteúdos do Facebook ou o impedimento à publicação. De acordo com a própria rede social, notícias identificadas como falsas continuarão disponíveis no feed, mas não poderão ser patrocinadas. Quem quiser compartilhá-las receberá um alerta de que a veracidade da informação é questionada.
“Os critérios de checagem das agências são públicos e atendem aos requisitos da International Fact Checking Network (IFCN) — um dos quais é o apartidarismo. A IFCN é parte do Poynter Institute, um dos mais renomados centros de formação e aprimoramento do jornalismo”, afirma a Abraji, que se solidarizou com os profissionais do Aos Fatos e da Lupa.
O programa
O programa do Facebook em parceria com as plataformas de checagem de notícias foi anunciado no último dia 10. O Aos Fatos faz parte do projeto ReVer, criado pelo Catraca Livre para combater a desinformação nas redes sociais.
Junto com Aos Fatos, participa também a Lupa, especializada em checagem de notícias. As duas empresas terão acesso às notícias denunciadas como falsas pela comunidade no Facebook para analisar, diariamente, se são verdadeiras ou não.
Segundo o Facebook Brasil, todos os conteúdos classificados como falsos serão punidos e terão sua distribuição orgânica reduzida no feed de notícias. Páginas no Facebook que repetidamente compartilharem notícias falsas terão todo o seu alcance diminuído.
A rede social afirma que o mecanismo, nos EUA, onde já funciona há algum tempo, permitiu cortar em até 80% a distribuição orgânica de notícias consideradas falsas por agências de verificação parceiras americanas.
Além de reduzir o alcance de conteúdos considerados falsos, o Facebook enviará notificações para pessoas e administradores de Páginas que tentarem compartilhar esse conteúdo, alertando-os que a sua veracidade foi questionada por agências de verificação.
Notícias consideradas falsas pelas agências de verificação não poderão ser impulsionadas no Facebook. E as Páginas que publicarem com frequência tais conteúdos não terão mais a opção de usar anúncios para construir suas audiências.
Rede da Verdade
No dia 1º de abril, Dia da Mentira, foi lançada a ReVer, ou Rede da Verdade. Formada por um grupo de veículos e instituições, entre eles Catraca Livre, Microsoft, OAB, FGV, ESPM, Instituto SEB de Educação e Aos Fatos, trata-se de uma ferramenta para identificar as informações falsas divulgadas na internet. A solução compreende uma tecnologia de inteligência artificial, além de um núcleo de acadêmicos consultores e equipes de checagem.
Desenvolvido pelo Aos Fatos, o robô Fátima, que vem de “FactMa”, uma abreviação de “FactMachine”, poderá ser utilizado no Twitter e no Facebook. Ele vai monitorar tuítes com links para notícias e informações falsas ou distorcidas e responder com informação verificada. Isso significa que cada perfil que compartilhar no Twitter uma informação errada vai receber automaticamente do perfil @fatimabot, operado automaticamente por Aos Fatos, um link para a checagem de fatos relacionada àquele tuíte.
Trata-se de um estratégia inovadora de “checagem de guerrilha”: o objetivo é conjugar produção de jornalismo de qualidade e se apropriar de ferramentas já usadas por perfis que impulsionam desinformação na rede social. Serão centenas ou mesmo milhares de tuítes disparados por @fatimabot para cada um que compartilhar desinformação no Twitter. Desse modo, todos que eventualmente forem expostos a notícias falsas também terão contato com a respectiva checagem do fato em questão.
No Facebook, ele vai responder perguntas quando a pessoa quiser saber se aquele notícia é falsa.
Junto com o Fátima, vai ser operado um sistema de monitoramento da internet criado pelo Stilinge, capaz de detectar informações suspeitas, usando recursos de inteligência artificial.
- Leia também: