Guarda mata ciclista em frente à família e alega legítima defesa

Esposa da vítima testemunhou fato e diz que não houve motivo para disparos

06/02/2019 20:51

Homem foi morto com três tiros por guarda civil durante passeio com família
Homem foi morto com três tiros por guarda civil durante passeio com família - Reprodução: G1

O comerciante Antonio Ramos Paiva Ferreira, conhecido como Ramirys, 29, morreu na noite de domingo, 3, após ser atingido por três disparos efetuados por um Guarda Civil Municipal (GCM) de Praia Grande, litoral de São Paulo, que alegou ter agido em legítima defesa. No entanto, a esposa da vítima, Mirelle Pinheiro de Souza, testemunhou a ação e alegou em entrevista ao G1, publicada na terça-feira, 5, que a não houve motivo para a morte do marido.

Segundo a polícia, durante patrulhamento guardas presenciaram discussão entre Antonio, que estava em sua bicicleta, e um motorista. O ciclista teria sido fechado pelo motorista e, como não houve danos, ambos foram liberados. O guarda que efetuou os disparos relatou no boletim de ocorrência que Antonio teria continuado no local e passou a ofendê-lo, tentando tirá-lo de dentro da viatura.

O GCM alegou ter usado gás de pimenta para tentar conter Ferreira, que lhe deu dois socos. Segundo ele, Antônio teria tentado se apoderar de sua arma e, durante o embate, o guarda disparou.

A versão apresentada pela Guarda Civil Municipal de Praia Grande é contestada no depoimento da esposa de Antônio, Mirelle Pinheiro de Souza, que testemunhou a ação.

Ela relata que o marido estava em uma bicicleta e ela em outra, carregando o filho do casal, de dois anos, quando um motorista de carro os atingiu na ciclovia. “O guarda mandou o motorista que bateu na gente ir embora. Meu marido perguntou: ‘Aqui não é ciclovia? Então quem está errado?’” conta Mirelle.

Segundo ela, o GCM que matou Antônio estava alterado e xingou seu esposo, que revidou os xingamentos, mas não deu socos no guarda ou nem tentou subtrair sua arma.

“Na hora eu só fiquei chamando o meu marido, falando pra deixar para lá. Foi só o tempo de eu dar duas pedaladas e já dispararam três vezes. Ele atirou na cabeça. Meu filho de dois anos viu tudo. Só quero que esse guarda não fique impune porque meu marido não fez nada e ele atirou para matar”, disse Mirelle ao G1.

Em nota, a prefeitura informou que “o guarda envolvido foi afastado para a apuração “. Leia a matéria completa.

No estado de São Paulo, a violência policial mata mais homens, negros e jovens do que vítimas de homicídio doloso, segundo pesquisa divulgada pelo Fórum Brasileiro de Segurança: