Guia Negro: cinco destinos que você precisa conhecer pós-pandemia

Prepare-se para se surpreender com cidades conhecidas pela cultura negra

Em parceria com Guia Negro
23/07/2020 10:50 / Atualizado em 06/08/2020 21:12

O blog Guia Negro valoriza lugares de cultura negra, histórias e experiências de viajantes negros. Com essa proposta, visitamos novos destinos e entrevistamos personalidades negras que indicaram seus lugares de cultura negra imperdíveis. Com esse repertório, elegemos os cinco lugares que você precisa conhecer assim que a pandemia do coronavírus cessar e pudermos viajar novamente. Prepare-se para se surpreender com cidades conhecidas pela cultura negra, mas também por lugares menos óbvios. Confira:

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Vista do Solar do Unhão, em Salvador
Vista do Solar do Unhão, em Salvador - Heitor Salatiel

1 – Alagoas

É por lá que fica o Quilombo do Palmares, que conta uma das mais importantes histórias de resistência negra brasileira em que milhares de pessoas conseguiram fugir da escravização sob a liderança de Zumbi dos Palmares. Localizado na Serra da Barriga, o quilombo foi reconhecido como parque nacional e abriga comunidades quilombolas, que permaneceram com seu iroko, local de rituais religiosos intacto durante os séculos. Palmares fica a 80 quilômetros de Maceió, conhecida por suas praias belíssimas e mercado popular repleto de traços da cultura afro-brasileira. Na gastronomia é possível provar delícias da “Cozinha Quilombola” e os doces das “Boleiras do Riacho Doce”. Em Maceió podemos conhecer de perto a história da “Quebra de Xangô”, quando terreiros foram perseguidos e destruídos e seus itens religiosos foram levados para delegacias. As peças estão expostas no Instituto Histórico e Religioso de Alagoas. É um mosaico cultural surpreendente a um preço acessível para o turista brasileiro.

2 – Salvador

“Meca negra”: Um lugar de preservação da cultura da diáspora africana. A capital baiana tem em seus blocos afros, no Forte da Capoeira, no Pelourinho e nas casas de candomblé mostras de que soube preservar e ressignificar as tradições que vieram da África. Para quem pensa que a cidade é só praia e carnaval: vale a visita às sedes do Ilê Ayiê e do Olodum; um mergulho na Ilha de Maré e na Praia da Gamboa, no Solar do Unhão, além de uma visita ao Bairro da Ribeira, numa “segunda gorda”. Entre os lugares obrigatórios que fogem desse circuito está o Museu Afro Brasileiro, no Pelourinho, um passeio de pedalinho pelo Dique do Tororó, onde há esculturas dos orixás, e uma visita ao Acervo da Laje, museu que abriga obras de arte do Subúrbio Ferroviário. A cidade exala música, cultura e ancestralidade e tem programação turística o ano todo.

3 – África do Sul

Um país vibrante e multicultural, que preserva a cultura de suas tribos, tem 11 línguas oficiais e um povo acolhedor. Também é um dos melhores lugares para fazer safáris por parques nacionais em que os bichos vivem livremente É possível conhecer de perto a história de Nelson Mandela e da luta pelo fim do apartheid: em Johanesburgo, há a casa de Mandela, no bairro de Soweto, o Museu do Apartheid e a prisão Constitutional Hill. Na Cidade do Cabo, há a prisão em Robben Island. Mas o líder está em todos os lugares: nas notas de dinheiro, em nomes de rua, em estátuas e uma praça com seu nome, em Johanesburgo. A conversão do real para o rand faz com que o país se torne barato para os brasileiros. Na gastronomia, destaque para o braai (churrasco), as carnes de caça e de pesca, pudim de malva, o chá de rooibos e os famosos vinhos sul-africanos. A Cidade do Cabo é um cenário envolto de mar e montanha, em que é possível ver a Table Mountain, a Montanha dos 12 apóstolos e o Oceano Atlântico. A visita às vinícolas e o Jardim Botânico são boas pedidas para casais em lua de mel. Há ainda atividades de aventura, incluindo trilhas e saltos de parapente ou paraquedas até programas culturais nos museus de arte e de história. Mais aqui.

4 – São Paulo

Que tal conhecer mais da cidade onde vive ou de um local mais conhecido pelos negócios do que pelo turismo? Quem mora em São Paulo ou vem à capital paulistana para eventos ou reuniões muitas vezes não conhece outra faceta da cidade. O Museu Afro Brasil, por exemplo, é considerado o melhor do mundo sobre diáspora africana. Já o Aparelha Luzia consegue aglutinar várias tribos, de diversas idades e é um ótimo lugar para curtir a noite na cidade. E se São Paulo é a capital da gastronomia, conhecida por ter comida de todas as partes do mundo, também é um ótimo lugar para ir aos restaurantes africanos e experimentar novos sabores. Há ainda lojas especializadas em moda afro, escolas de samba, rodas de samba e a Caminhada São Paulo Negra, que desvenda histórias e personagens do centro da cidade, como o Pelourinho e a Galeria do Reggae.

5 – Piracicaba

A rota negra de Piracicaba, a cerca de 150 quilômetros de São Paulo, ressalta a importância da história da população negra na cidade. O tour percorre oito pontos, ressignificando territórios negros históricos, que foram espaços e lugares de resistência utilizados para torturas, moradias, exercícios de pessoas escravizadas e que nos dias atuais têm outros significados. Os personagens como o Dr. Preto, André Ferreira Santos (1881-1942), que atendeu inúmeros pacientes da cidade na primeira metade do século 20, também são ressaltados, assim como os patrimônios imateriais da cidade ligados à cultura negra, como é o caso do batuque de umbigada e do samba de lenço. A cidade de cerca de 400 mil habitantes possui 40% da população se declarando de cor preta ou parda. Entre os pontos resgatados no tour, está o Pelourinho, um poste onde os escravizados eram torturados e que indicava a emancipação política, o que ocorreu em 1822, quando Piracicaba passou ao status de vila. O local onde era o Pelourinho recebe atualmente batalhas de MCs de rap. Outro ponto cultural é a Casa do Hip Hop, que funciona no Centro Cultural da Paulicéia, que promove atividades comunitárias e ações na periferia de Piracicaba.

Guia Negro faz produção independente de conteúdo sobre cultura e turismo étnico, que retrata pessoas, lugares, movimentos e afronegócios.