‘Guru da meditação’ se afasta das atividades após acusações de estupro

Tadashi Kadomoto virou réu em um processo de estupro de vulnerável

12/10/2020 10:44

O terapeuta Tadashi Kadomoto, conhecido como ‘guru da meditação’, usou as redes sociais no começo da madrugada desta segunda-feira, 12, para negar as acusações de estupro e dizer ter se afastado de suas atividades.

Réu em um processo de estupro de vulnerável, Tadashi afirma que jamais cometeu atos criminosos.

‘Guru da meditação’, terapeuta Tadashi Kadomoto virou réu em um processo de estupro de vulnerável
‘Guru da meditação’, terapeuta Tadashi Kadomoto virou réu em um processo de estupro de vulnerável - Reprodução/TV Globo

“Quem me conhece e convive comigo, sabe da minha conduta e do respeito que tenho pelo cuidado com as pessoas. Tenho falhas, cometo erros, como todo ser humano, mas jamais cometi atos criminosos”, diz o fundador do instituto que leva seu nome, aos mais de 1,5 milhão de seguidores no Instagram.

O ‘guru da meditação’ afirma que soube da denúncia quando foi procurado por uma jornalista. A notícia foi divulgada pela GloboNews pelo programa “Fantástico” neste domingo, 11.

“Primeiro, fiquei muito assustando sem entender porque náo fui procurado pela Justiça. E depois fiquei muito abalado pela reportagem”, disse o ‘guru da meditação’. “Tenho fé que tudo será esclarecido e até lá vou me afastar das minhas atividades”, disse em seguida.

Kadomoto  também disse no vídeo que se colocou à disposição das autoridades. “Ao longo da história já vimos muitas reputações de famílias destruídas por acusações que depois se mostraram injustas. Por isso, estou à disposição das autoridades para os esclarecimentos necessários”.

Entenda o caso

Segundo o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), os estupros teriam ocorrido em Itatiaia (RJ), em Campinas (SP) e na capital paulista.

Há quase três décadas, Kadomoto oferece terapia, cursos e treinamento.  Para o MP, ele se aproveitou vulnerabilidade da vítima para cometer abusos sexuais.

“A primeira vez que eu percebi que a abordagem estava inadequada foi em 2007, quando eu terminei o meu curso de formação do Expansão de Consciência ele me convidou para estagiar nesse mesmo curso”, disse uma mulher abusada ao Fantástico deste domingo, 11.

“Em um dos dias desse treinamento, a gente assiste alguns filmes que tem a ver com o contexto que está sendo estudado. Em um desses filmes, ele deitou no meu colo e começou a acariciar minha perna, a minha coxa.”

 O que fazer caso eu seja vítima de um assédio?

  • Peça ajuda a quem estiver por perto e acione policiais que estiverem no local. Depois, registre um boletim de ocorrência na delegacia mais próxima. Casos assim não podem ser registrados por boletim de ocorrência online;
  • Guarde todas as informações que conseguir referentes ao assédio: anote o dia, horário e local, nome e contato de testemunhas, características do agressor, tire fotos, filme etc. Verifique também se há câmeras no local do crime, pois, a partir disso, as imagens poderão ser solicitadas. Quando fizer o boletim de ocorrência ou qualquer outro tipo de denúncia, é importante levar o maior número de provas do ocorrido. Isso inclui vídeos e fotos no celular, testemunhas, conversas em redes sociais, entre outras. As autoridades policiais precisam de material para conduzir a investigação e a depender do caso, repassar para o Ministério Público. Muitos casos não seguem por falta de provas ou falta de indícios de quem é o autor;
  • Infelizmente, é comum o uso de drogas como “Boa Noite Cinderela” e outras para que a vítima fique sonolenta e mais suscetível ao estupro. Caso o abuso tenha ocorrido através desta prática, é importante que a vítima faça o Exame Toxicológico (através de exame de sangue e urina) em no máximo 5 dias após a ingestão. O ideal é realizar o exame o quanto antes possível;
  • Você pode fazer uma denúncia pelos telefones da Polícia Militar (190) e do Disque 180;
  • É importante ressaltar que a autoridade policial não pode se recusar a registrar a ocorrência. Infelizmente, há casos em que a autoridade policial tenta dissuadir a vítima de fazer o boletim. Caso isso aconteça, registre uma reclamação na ouvidoria do órgão em que ocorreu a recusa. Sendo ineficaz, procure o Ministério Público local para denunciar a recusa e o crime.

Como agir em caso de estupro

Se você for vítima de estupro ou estiver auxiliando uma pessoa que tenha sido estuprada, os passos a serem seguidos são um pouco diferentes das dicas gerais fornecidas anteriormente.

É importante lembrar que o crime de estupro é qualquer conduta, com emprego de violência ou grave ameaça, que atente contra a dignidade e a liberdade sexual de alguém. O elemento mais importante para caracterizar esse crime é a ausência de consentimento da vítima. Portanto, forçar a vítima a praticar atos sexuais, mesmo que sem penetração, é estupro (ex: forçar sexo oral ou masturbação sem consentimento).

O governo federal disponibiliza o número 180 para mulheres
O governo federal disponibiliza o número 180 para mulheres - iStock/@adl21

Uma pessoa que tenha passado por esta situação normalmente encontra-se bastante fragilizada, contudo, há casos em que a vítima só se apercebe do ocorrido algum tempo depois. Em ambos os casos, é muito importante que a vítima tenha apoio de alguém quando for denunciar o ocorrido às autoridades, pois relatar os fatos costuma ser um momento doloroso. Infelizmente, apesar da fragilidade da vítima é importante que ocorra a denúncia para que as autoridades possam tomar conhecimento do ocorrido e agir para a responsabilização do agressor.

Antes da reforma do Código Penal em setembro de 2018, alguns casos de estupro só podiam ser denunciados pela própria vítima. Isso mudou, o que significa que se outra pessoa denunciar um estupro e tiver provas, o Ministério Público poderá processar o caso mesmo que o denunciante não tenha sido a própria vítima.