Homem mata a mulher, foge e causa acidente em estrada do RJ

A arquiteta Thayane Nunes da Silva, 28, foi encontrada estrangulada no apartamento do casal

03/07/2020 15:35

O homem suspeito de matar a mulher foi preso na manhã desta sexta-feira, 3, após se envolver em um acidente no litoral do Rio de Janeiro na fuga do crime.

A arquiteta Thayane Nunes da Silva, 28, foi encontrada estrangulada no apartamento do casal no bairro de Campo Grande, na zona oeste do Rio. As informações são do G1.

Thayane Nunes da Silva foi encontrada estrangulada no apartamento do casal
Thayane Nunes da Silva foi encontrada estrangulada no apartamento do casal - Reprodução/TV Globo

O comerciante Gilton Santos Pinto é o principal suspeito pelo crime. Ele chegou a publicar um vídeo em uma rede social pedindo ‘desculpas’, mas depois apagou.

A polícia conseguiu recuperar a gravação. “Gente, eu estou aqui pedindo mil desculpas pelo que aconteceu hoje, para depois não me julgarem, julgarem os meus familiares. Porque a vida, é, ninguém sabe o que se passa com um casal”, disse Gilton.

Na fuga, Gilton se envolveu num acidente na noite de ontem com outros três carros na rodovia Rio-Santos, em Angra dos Reis, na Costa Verde fluminense. Ele e outras sete pessoas ficaram feridas na colisão, entre elas duas crianças.

O comerciante está internado no Hospital Geral da Japuíba sob custódia.

O crime

De acordo com a PM do Rio, o casal brigou em um quarto do apartamento e os vizinhos ouviram a discussão.  Quando os policiais chegaram ao condomínio, encontraram Thayane morta. O marido já tinha fugido.

Thayane tinha mais de 40 mil seguidores em uma rede social, em que mostrava a rotina do casal, viagens e exercícios físicos. Gilton postava frases de amor e sempre aparecia ao lado da mulher nas fotos.

Entenda o que é feminicídio

Por dia, três mulheres são assassinadas, vítimas do feminicídio, no Brasil. A cada dois segundos, uma mulher é agredida no país. Quase 80% dos casos, os agressores são o atual ou o ex-companheiro, que não se conformam com o fim do relacionamento.

O feminicídio é o homicídio praticado contra a mulher em decorrência do fato de ela ser mulher ou em decorrência de violência doméstica. Quando o assassinato de uma mulher é decorrente, por exemplo, de latrocínio (roubo seguido de morte) ou de uma briga entre desconhecidos ou é praticado por outra mulher, não há a configuração de feminicídio.

Para ser considerado feminicídio, o crime tem que se encaixar em dois tipos de casos:

Violência doméstica ou familiar

Quando o crime resulta ou é praticado juntamente à violência doméstica,  o homicida é um familiar da vítima ou já manteve algum tipo de laço afetivo com ela.

Esse tipo de feminicídio é o mais comum no Brasil, ao contrário de outros países da América Latina, em que a violência contra a mulher é praticada por desconhecidos, geralmente com a presença de violência sexual.

Além dos altos índices de homicídio de mulheres, existem ainda muitos casos de estupro e lesão corporal gerada por violência doméstica.

Menosprezo ou discriminação contra a condição da mulher

Quando o crime resulta da discriminação de gênero, manifestada pela misoginia e pela objetificação da mulher, geralmente com a presença de violência sexual.

Lei do Feminicídio

A lei 13.104/15, mais conhecida como Lei do Feminicídio, alterou o Código Penal brasileiro, incluindo como qualificador do crime de homicídio o feminicídio.

Também houve alteração na lei que abriga os crimes hediondos (lei nº 8.072/90). Essa mudança resultou na necessidade de se formar um Tribunal do Júri, ou o conhecido júri popular, para julgar os réus de feminicídio.

Alguns setores da sociedade questionam o objetivo de haver distinção entre o feminicídio e os homicídios comuns, mas vale ressaltar que o objetivo dessa diferenciação possui como foco o fato de que vivemos numa sociedade machista.

Ainda hoje, mulheres são muitas vezes submetidas a relacionamentos abusivos, à violência doméstica e a tratamentos degradantes e desumanos, pelo fato de serem mulheres.

Por isso, a violência e os homicídios decorrentes dessas características são corriqueiros.

A pena para o feminicídio é superior à pena prevista para os homicídios simples. Enquanto um condenado por homicídio simples pode pegar de 6 a 20 anos de reclusão, um condenado por feminicídio pode pegar de 12 a 30.

Há também uma proposta que torna feminicídio imprescritível circulando pela Comissão de Constituição e Justiça, no Senado.

A proposta, de autoria da senadora Rose de Freitas (Podemos-ES), recebeu parecer favorável do relator, Alessandro Vieira (Cidadania-SE).

Segundo a EBC, a senadora ressaltou que o Congresso Nacional tem feito sua parte, inclusive com a aprovação da Lei Maria da Penha, em 2006, e da Lei do Feminicídio, em 2015, mas ela considera possível avançar mais.

Meta a colher, sim!

Os casos de violência doméstica denunciados podem frear os números de casos de feminicídio no Brasil. É ou conhece alguém que sofre qualquer tipo de violência? Saiba onde e como denunciar neste link.