Homem relata como sobreviveu a estupro durante guerra no Congo

Por Alice Muthengi, da BBC

04/08/2017 11:53

Stephen Kigoma foi estuprado por três homens na República Democrática do Congo, seu país de origem, que sofre há décadas com a guerra civil. As informações são da repórter Alice Muthengi, da “BBC”.

Stephen sentiu medo de contar em Uganda que havia sido estuprado
Stephen sentiu medo de contar em Uganda que havia sido estuprado

O ataque aconteceu na casa de Stephen e os homens ainda disseram a ele que, por ser homem, não contaria a ninguém porque o assunto é um tabu. “Eu escondi que era um sobrevivente de estupro“, disse para a reportagem.

O Congo é quatro vezes maior que a França e rico de recursos naturais, além de possuir vários grupos armados. Cerca de 6 milhões morreram na guerra e outras centenas de milhares fugiram para países vizinhos, como é o caso de Stephen, que foi para a Uganda em 2011.

Lá, ele recebeu ajuda médica de um profissional que cuidava dos sobreviventes de violência sexual, mas como era o único homem na enfermaria, se sentiu fragilizado e teve medo de contar o ocorrido.

O homem também recebeu ajuda psicológica de uma ONG pelo Projeto Lei de Refugiados, que fez um relatório sobre violência sexual entre refugiados do Sudão do Sul, norte da Uganda, e foi constatado que 20% das mulheres denunciam o estupro ante a 4% dos homens.

O diretor da organização Chris Dolan disse a reportagem que o motivo para esse número ser tão baixo é que as pessoas acreditam que homem podem contra-atacar e que se não o fizeram, devem ser homossexuais.

Isso porque segundo o Estatuto de Roma e na legislação da maior parte dos países, “a definição de estupro envolve a penetração do pênis na vagina. Isto significa que se um homem denunciar, eles não terão sofrido estupro, mas violência sexual“, explicou o diretor.

Apesar da Uganda ser um país acolhedor para refugiados, isso não se aplica aos sobreviventes masculinos de estupro porque atos homossexuais são ilegais no país, então denunciar acaba sendo um risco.

“Quando perguntei à polícia, eles disseram que se tem algo a ver com penetração entre dois homens, é um caso gay”, acrescentou Stephen que, apesar de tudo, pede para que outros sobreviventes também denunciem.

Leia a reportagem na íntegra.

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