Horta das Corujas: a rotina dedicada ao meio ambiente e à cidade

Claudia Visoni, jornalista e ambientalista, é hoje uma das referências quando o assunto é permacultura e sustentabilidade em São Paulo. Todos os dias, o dia todo, sua luta é pelo meio ambiente

Segunda-feira, 22h30. Claudia acaba de sair de um evento sobre a aplicação da cultura hacker à permacultura. Chega em casa, come um sanduíche e vai direto à frente do computador onde fica até as duas da manhã, para organizar as pautas das reuniões do dia seguinte e o Festival de Agricultura Urbana (que aconteceu durante a última Virada Cultural de São Paulo).

Às 8h de terça-feira, já está de pé para passear com o cachorro e depois ir a uma reunião na Câmera Municipal. Às 14h45, volta para a casa, continua a escrever seus discursos para os eventos do dia seguinte, atende várias pessoas ao mesmo tempo  e, finalmente, sai para cuidar da Horta das Corujas.

A ambientalista Claudia Visoni

É nesta horta, localizada em um espaço de 800m2  na praça Dolores Ibarruri, na Vila Madalena, Zona Oeste de São Paulo, que conversamos por quase duas horas. Enquanto limpava os canteiros, tirava um matinho ali e acolá e regava as plantas, ela me contou parte de uma trajetória inspiradora como jornalista, como mãe e como ambientalista.

Durante a nossa conversa, fomos interrompidas várias vezes por voluntários ou visitantes que queriam saber mais sobre esta grande horta comunitária localizada no meio da cidade, no meio do concreto. E ali mesmo, pessoas que nem se conheciam começaram a trocar ideias, como velhos amigos. “Trabalhar com a terra é uma reconexão com a natureza, com as pessoas. Olha essa cena (aponta para os visitantes): elas nem se conheciam e estão conversando, onde você vê isso em uma grande cidade?”, comenta, enquanto limpa mais um canteiro onde estão plantadas algumas mudas de cebolinha.

A água serve para regar a própria horta

A Horta das Corujas foi criada em 2012, de forma totalmente voluntária e coletiva. Hoje conta com dezenas de pessoas que colaboram para manter o espaço reservado a centenas de espécies vegetais entre ervas, legumes e verduras. A ideia de criar a horta nesse espaço foi lançada na rede Hortelões Urbanos, grupo que reúne pessoas interessadas em trocar experiências pessoais sobre o plantio orgânico doméstico de alimentos e inspirar a formação de hortas comunitárias – hoje, há mais de 36 mil membros no Facebook.

Claudia é uma das fundadoras do Hortelões Urbanos – assim como da Horta das Corujas – e voluntária na Horta do Ciclista, em plena Avenida Paulista. Mas como ela, nascida e criada em São Paulo, tornou-se ambientalista?

“Eu me julgava muito urbana – achava que essa questão da terra, da agricultura, não tinha nada a ver comigo. Que nada! Meu pai nasceu colono e viveu até os 20 anos no campo. Quando resolvi me ligar à agricultura, foi por razões muito racionais, por perceber que a segurança alimentar da humanidade está ameaçada. E que esse conhecimento de produção em pequena escala estava indo embora com as gerações”.

Clique aqui para ler a reportagem na íntegra no site do Cidade Lúdica.