Idosa é resgatada de situação análoga à escravidão em bairro nobre de SP

Uma das empregadoras foi presa em flagrante., mas foi solta após pagar fiança de R$ 2.100

Policiais civis resgataram na quinta-feira, 25, uma mulher de 61 anos que vivia em situação de trabalho análogo à escravidão na casa de uma executiva no bairro de Alto de Pinheiros, região nobre de São Paulo.

Mariah Corazza Üstündag, 29, que trabalha como gerente de marketing, na Avon, foi presa em flagrante e solta após pagar fiança de R$ 2.100. O marido dela, Dora Üstündag, 36, também foi indiciado.

Quarto onde a mulher de 61 anos morava; MPT diz que ela vivia em situação análoga à escravidão
Créditos: MPT/Divulgação
Quarto onde a mulher de 61 anos morava; MPT diz que ela vivia em situação análoga à escravidão

Segundo o Ministério Público do Trabalho, a idosa estava “sendo vítima de agressão, maus tratos, constrangimento, tortura psíquica, violência patrimonial e exploração do trabalho por seus empregadores”.

A mulher trabalhava como doméstica para a família desde 1998, mas desde 2011 não recebia salários, não tinha férias e 13°. A inspeção foi motivada por denúncias recebidas pelo Disque 100.

Ao chegarem na residência, os policiais e integrantes do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas da Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, encontraram a mulher dormindo em um sofá velho, numa espécie de depósito.

Ainda de acordo com o MPT, vizinhos do imóvel disseram em depoimento que a idosa trabalhava para os moradores “praticamente em troca da moradia, que por várias ocasiões a ajudavam com alimentos e itens de higiene e relataram episódios de discussão e de omissão de socorro”.

Mulher é mantida em condição de escravidão em área nobre de SP
Créditos: MPT/Divulgação
Mulher é mantida em condição de escravidão em área nobre de SP

Após o resgate, a procuradora Alline Pedrosa Oishi Delena, do MPT, ajuizou uma ação cautelar contra os empregadores pedindo pagamento imediato do valor correspondente a um salário mínimo por mês à vítima até o julgamento final do processo.

A procuradora também solicitou à Justiça do Trabalho a expedição do alvará judicial para que a vítima possa fazer o saque junto à CEF do seguro-desemprego, assim como o bloqueio do imóvel para futuro pagamento de verbas trabalhistas e indenizações.

Mariah Corazza Üstündag é filha da cosmetóloga Sônia Corazza, conhecida consultora na indústria de produtos de beleza.

Após ser cobrada nas redes sociais sobre posicionamento da a respeito do caso, a Avon informou que que afastou Mariah e que estava “apurando os detalhes para aplicar as medidas cabíveis de acordo com nosso Código de Ética e Compliance e da legislação brasileira”.