Incêndio no Ninho do Urubu faz 1 ano: famílias lutam por reparação
Em meio a luto e dor, familiares das 10 vítimas mortas no incêndio lutam por justiça; relembre o caso e saiba mais sobre os desdobramentos da tragédia
Há um ano, o incêndio no Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo, deixou 10 adolescentes mortos e outros três feridos.
Em meio a polêmicas jurídicas e o sofrimento das famílias, o caso pode ter novos desdobramentos judiciais neste mês, com novas ações sendo apresentadas pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ), a Defensoria Pública e a defesa das famílias das vítimas.
Enquanto novos esclarecimentos são esperados pelo Ministéio Público, a reparação ao núcleo familiar dos atletas é tratadada na esfera crível, enquanto as responsabilidades sobre o incêndio na criminal.
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Até agosto, oito pessoas haviam sido indiciadas por homicídio e tentativa de homicídio com dolo eventual antes de o MP pedir investigações adicionais à Polícia Civil. O caso voltou ao MP e continuou até dezembro, quando foram solicitadas informações sobre fatos novos adicionados ao inquérito.
Próximos passos
O prazo para a polícia devolver novamente o caso à promotoria é de 45 dias e acaba neste mês. A partir das provas colhidas e reunidas em 11 volumes de inquérito, o Grupo de Atuação Especializada do Desporto e Defesa do Torcedor do MP-RJ deve oferecer denúncia criminal à Justiça.
Assim como o MP-RJ, parte das famílias desses adolescentes também havia decidido aguardar a conclusão do inquérito para entrar na Justiça com ações individuais contra o Flamengo. Somente uma mãe de vítima processou o clube até agora.
Indenizações
No processo que corre na 1ª Vara Cível da Barra da Tijuca, o Ministério Público e a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro conseguiram uma decisão em dezembro que obriga o Flamengo a pagar R$ 10 mil mensais a cada uma das famílias de mortos ou feridos na tragédia. O Flamengo já vinha pagando R$ 5 mil às famílias antes da decisão.
A imagem do dia.
O clamor tem que ser por Justiça. pic.twitter.com/up43XtxW4P
— Márvio dos Anjos (@marvio) February 8, 2020
Segundo o defensor público Eduardo Chow, do Núcleo de Defesa do Consumidor, a ação em questão é cautelar, e a defensoria trabalha agora em um pedido definitivo de reparação, que vai definir um valor indenizatório ao final do processo. Além do processo coletivo, a defensoria também é responsável pela defesa da família de Samuel Thomas Rosa.
Defensoria e MP-RJ chegaram a elaborar um modelo coletivo de indenização logo após a tragédia, propondo valores mínimos para a reparação, que foram considerados razoáveis pelas famílias na época. A iniciativa teve como base o programa indenizatório das vítimas do voo 447 da Air France, que caiu no oceano em 2009, e os órgãos defenderam que o Flamengo pagasse uma indenização de ao menos R$ 2 milhões a cada um dos núcleos familiares das vítimas do incêndio. Além disso, deveria pagar uma pensão mensal de R$ 10 mil a cada uma dessas famílias, até a data em que as vítimas completem 45 anos.
Flamengo reconhece responsabilidade
No último sábado, o Flamengo divulgou um vídeo em suas redes sociais em que classificou a tragédia como a maior da história do clube e afirma reconhecer sua responsabilidade, independentemente de culpa. “Para nós do Flamengo, nos aparenta ter sido um lamentável acidente, mas temos responsabilidade como guardiões dos adolescentes”, disse o vice-presidente geral e jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee de Abranches
Presidente do Flamengo não comparece à CPI do Incêndio
Na última sexta-feira, 7, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o incêndio no Ninho do Urubu, da Assembleia Legislativa do Rio, ouviu familiares das vítimas e um ex-presidente da agremiação. O presidente do time, Rodolfo Landim, que havia sido convocado, não compareceu à CPI e poderá ser conduzido de forma coercitiva à próxima sessão.
O presidente da CPI, deputado Alexandre Knoploch (PSL), determinou que, se ele ou o vice-presidente jurídico do clube, Rodrigo Dunshee, não comparecerem, Landim será levado sob força policial. O único a comparecer foi o ex-presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello .
Relembre o caso
O incêndio ocorreu durante a noite de 8 de fevereiro, no alojamento das categorias de base, que ficava em contêineres no próprio centro de treinamento. A maioria dos atletas conseguiu sair com vida, mas morreram naquele dia Athila Paixão, de 14 anos, Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas, de 14 anos, Bernardo Pisetta, de 14 anos, Christian Esmério, de 15 anos, Gedson Santos, de 14 anos, Jorge Eduardo Santos, de 15 anos, Pablo Henrique da Silva, de 14 anos, Rykelmo de Souza Vianna, de 16 anos, Samuel Thomas Rosa, de 15 anos, e Vitor Isaías, de 15 anos.