Indígena transexual se torna cacique de aldeia em Mato Grosso

Na aldeia, sempre fui aceita pelo povo e isso é bem tranquilo até hoje", contou Majur Traytowu

Majur Traytowu, mulher indígena e transexual, de 30 anos, é oficialmente cacique da Aldeia Apido Paru da Terra Indígena Tadarimana, em Rondonópolis, a 218 km da capital do Estado – Cuiabá, há cerca de um mês, após seu pai, de 79 anos, se afastar do cargo de liderança por motivos de saúde. As informações foram obtidas pelo portal G1.

Indígena transexual se torna cacique de aldeia em Mato Grosso
Créditos: Reprodução/Instagram @majurharachell
Indígena transexual se torna cacique de aldeia em Mato Grosso

A indígena contou ao portal que foi aos 12 anos que começou a se descobrir como transexual. Quando tinha 27, a família fundou a Aldeia Apido Paru e ela passou a ajudar o pai nas tomadas de decisões.

“Fui me observando e cheguei a conclusão que sou trans. Meu comportamento, os gostos e também a atração por outros meninos foi crescendo. Foi então que descobri que nasci em um corpo de homem, mas com espírito de mulher”, relatou a cacique transexual Majur Traytowu.

A reserva indígena Tadarimana possui cerca de 800 indígenas divididos em sete aldeias, com área de, aproximadamente, 10 mil hectares.

Ela contou ainda que sempre foi aceita em sua aldeia. “Aos 12 anos, foi crescendo a minha vontade de ser uma liderança que pudesse ajudar na luta do nosso povo. Mesmo o meu pai sendo cacique na Apido Paru tudo passava por mim. Na aldeia, sempre fui aceita pelo povo e isso é bem tranquilo até hoje”, pontuou.

Segundo o G1, os caciques são escolhidos por votação que, geralmente, acontece a cada dois anos, mas Majur assumiu a liderança da aldeia, logo após o afastamento do pai, sem que tenha ocorrido uma eleição. De acordo com a líder indígena, os demais membros aceitaram a substituição.

“Faz tempo que atuo como ‘cacique’, pois antes do meu pai tomar as decisões, ele passava por mim e eu dava a palavra final. Há um mês, ele ficou doente e tive que me assumir como cacique da aldeia. Todos me deram total liberdade para tomar as decisões das coisas, mesmo sendo o filho caçula”, explicou.