Influenciador descobre que sua foto está incluída em lista de suspeitos da polícia
Polícia diz que usou a imagem porque o "Chavoso da USP" é "semelhante" ao suspeito; SSP confirma que o estudante não é nem investigado pelas autoridades
O influenciador digital e palestrante de política Thiago Torres, conhecido como “Chavoso da USP“, teve sua foto incluída em uma lista de reconhecimento de suspeitos da Polícia Civil, sendo que ele não é ao menos investigado. O estudante de Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP), de 22 anos, usou as redes sociais na última semana para denunciar o caso. Depois da repercussão, a Polícia Civil se manifestou.
A foto consta na lista desde outubro deste ano e faz parte de um inquérito que investiga um caso de sequestro na cidade de São Paulo. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que ele não é investigado em nenhuma apuração policial.
Thiago só ficou sabendo que sua imagem estava envolvida no caso porque, coincidentemente, seu amigo e advogado criminalista, Bruno Santana, reconheceu a foto dele enquanto analisava o processo.
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Ao receber a informação e repercutir o caso no Instagram, o “Chavoso da USP” cedeu uma entrevista ao G1 em que revelou ter ficado surpreso com sua foto no inquérito e denunciou o racismo estrutural.
“É mais uma face desse racismo institucionalizado, desse racismo estrutural, do preconceito com moradores de periferia e de favela de um modo geral, com o preconceito com a nossa forma de se vestir e com os estereótipos que a gente carrega para esse sistema construído pela mídia”, afirmou o estudante.
O que a polícia diz?
Por meio de nota, a Polícia Civil disse que utilizou a foto de Thiago por ser “semelhante a de um suspeito”. Além de informar que está amparada pelo artigo 226, inciso II, do Código de Processo Penal e, por isso, pode usar as fotos de “pessoas parecidas”.
“A Polícia Civil esclarece que a Divisão Antissequestro não possui álbum de fotografias de suspeitos. Entretanto, para cumprir o artigo 226, inciso II, do Código de Processo Penal, a unidade utilizou fotografias de pessoas semelhantes ao suspeito que são de domínio público divulgadas na internet. O rapaz citado pela reportagem não é investigado em nenhuma apuração policial”, diz a nota.
O artigo citado é de 1941 e fala que a pessoa deve ser colocada ao lado de outras para reconhecimento, mas não cita especificamente fotografias. Sobre o assunto, o Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) esclareceu que, apesar do procedimento não ser previsto no código penal, o uso em delegacias é comum.
O advogado Bruno diz que vai registrar boletim de ocorrência por abuso de autoridade para evitar qualquer injustiça a Thiago.