Inspirado em sua própria história, adolescente lança livro sobre adoção homoafetiva

Aos 13 anos, Alyson é autor do livro "Jamily, a holandesa negra – a história de uma adoção homoafetiva"

20/05/2015 12:37

Até completar 10 anos, Alyson Miguel viveu em diversos abrigos para crianças abandonadas no Paraná. Hoje, é autor do livro infantil “Jamily, a holandesa negra – a história de uma adoção homoafetiva”, onde usou a literatura e o afeto dos pais para provar, mais uma vez, que o amor é a melhor resposta para a vida.

Adotado por um casal homoafetivo, a vida de Alyson foi transformada por valores como amor, respeito, atenção, limites e boa educação – fatores determinantes para o crescimento e desenvolvimento de um cidadão, independente da orientação sexual de seus pais ou responsáveis.

Quando ganhou uma família, Alyson apresentava problemas com leitura e escrita. Por isso, seu pai, Toni Reis, que é Doutor em Educação, decidiu desenvolver um processo para o filho ler, ao menos, três livros por mês e ainda responder perguntas que incluíam o significado da trama na vida do leitor.

Aos 13 anos, Alyson viu sua vida mudar ao ser adotado por casal homoafetivo
Aos 13 anos, Alyson viu sua vida mudar ao ser adotado por casal homoafetivo

Ao invés de ler, escrever 

Para registrar seu aprendizado, tudo era publicado em seu blog. Mas um dia, ao invés de ler as histórias dos outros, resolveu escrever a sua própria. Foi aí que surgiu o livro autobiográfico.

Na história, Alyson virou Jamily; o Rio de Janeiro, Etiópia; e Curitiba virou Amsterdã. Ao decorrer das páginas, o livro retrata a vida do menino, desde o momento da adoção ao sofrimento da personagem no primeiro dia de aula na escola. Em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, de maior circulação na capital paranaense, um dia ressaltou, “ninguém merece ter o governo como pai e a prefeitura como mãe”.

Algum tempo após ser adotado por Toni e Davi Harrad, Alyson faz um retrospecto sobre a transformação da sua vida. “Durante dois anos, meus queridos e amados pais me deram uma educação rígida, mas é a melhor que eu já tive”.
Em meio a atitudes de preconceito e intolerância, certa vez na aula de inglês, um colega de sala chamou seus pais de “gays”. Em sua defesa, a professora interviu alegando que, sendo gays assumidos, eles deram a melhor educação que qualquer outro pai dos alunos da escola.

A história de Alyson, que pode ser considerada um exemplo de amor e respeito ao próximo, também serve como alerta para o tema “adoção” no Brasil. Neste momento, milhares de crianças, fora da faixa de idade com maior registro de adoção, aguardam uma chance de ganhar um lar ou uma família.

O livro foi lançado na Casa Hoffmann, no Largo da Ordem em Curtiba. Esta foi a primeira publicação de Alyson, hoje aos 13 anos.

Com informações do site Pausa Dramática