Internada com covid-19, mulher denuncia estupro em áudio enviado à mãe
Segundo a mãe que procurou a polícia, sua filha está "em estado de choque e desesperada"
Internada com covid-19, no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS), em Campo Grande, desde o início da semana, uma mulher de 36 anos gravou um áudio para sua mãe denunciando ter sofrido um estupro na unidade e pediu para ela leva-lo a polícia, nesta quinta-feira, 4. As informações foram obtidas pelo G1.
A mãe da suposta vítima, que é aposentada, foi até a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), contou da conversa com a filha pelo telefone. “Ela estava com suspeita de Covid, com dificuldade para respirar, além de outros sintomas. Eu a levei na UPA [Unidade de Pronto Atendimento] do bairro Coronel Antonino, mas, logo eles pediram uma vaga no hospital porque disseram que teriam mais recursos. Ela chegou debilitada e eu estava acompanhando tudo por telefone, quando a apertei ontem e ela me contou tudo o que tinha acontecido”, afirmou a mãe ao G1.
Ainda de acordo com a progenitora da vítima, sua filha ainda estava “em estado de choque e desesperada”. “Ela estava com medo de represália, dos colegas dele fazerem algo e temia pela vida dela. Mas eu disse que precisava sim denunciar, porque ela corria o risco até de ser dopada e ele fazer algo pior. Em seguida, ela chamou o pessoal da enfermagem e denunciou. Minha filha até piorou, iam retirar o oxigênio dela e só fizeram isso agora cedo. Graças a Deus, ela já está melhor”, comentou.
Segundo a mãe, o crime teria ocorrido por volta das 3h. “Minha filha percebeu que o autor ficava lhe apertando e passando a mão nela. Ele também passou óleo de girassol nos dedos e tentou tocá-la nas partes íntimas, pedindo a ela para abrir as pernas. Mesmo debilitada, ela resistiu e gravou um áudio para a polícia”, explicou.
O profissional, que não teve a identidade revelada, já teria sido afastado da suas funções. “Todos os casos de supostas infrações nos diversos campos, administrativo e assistencial, são pautados nos ditames éticos e legais vigentes para tomada de providências”, afirmou o hospital, em nota.
“Eu não culpo a equipe médica e nem o hospital. Tenho certeza que eles não estão coniventes com isso. A única coisa errada que achei é que não me forneceram o nome do agressor. Ele disse o primeiro nome para minha filha, se apresentou para ela. Não tenho interesse de arrumar confusão com ninguém, só não quero que esse monstro faço isso com outras pessoas”, salientou a mãe ao G1.
A polícia instaurou inquérito e está fazendo buscas do caso. Ainda de acordo com as autoridades, o suspeito ainda não foi identificado.
Como agir em caso de estupro
É importante lembrar que o crime de estupro é qualquer conduta, com emprego de violência ou grave ameaça, que atente contra a dignidade e a liberdade sexual de alguém. O elemento mais importante para caracterizar esse crime é a ausência de consentimento da vítima. Portanto, forçar a vítima a praticar atos sexuais, mesmo que sem penetração, é estupro (ex: forçar sexo oral ou masturbação sem consentimento).
Uma pessoa que tenha passado por esta situação normalmente encontra-se bastante fragilizada, contudo, há casos em que a vítima só se apercebe do ocorrido algum tempo depois. Em ambos os casos, é muito importante que a vítima tenha apoio de alguém quando for denunciar o ocorrido às autoridades, pois relatar os fatos costuma ser um momento doloroso. Infelizmente, apesar da fragilidade da vítima é importante que ocorra a denúncia para que as autoridades possam tomar conhecimento do ocorrido e agir para a responsabilização do agressor.
Antes da reforma do Código Penal em setembro de 2018, alguns casos de estupro só podiam ser denunciados pela própria vítima. Isso mudou, o que significa que se outra pessoa denunciar um estupro e tiver provas, o Ministério Público poderá processar o caso mesmo que o denunciante não tenha sido a própria vítima. Saiba como denunciar casos de assédio sexual ou estupro.