Irmã de Marielle relata agressão por apoiadores de Bolsonaro
"Hoje eu tive medo! Medo mesmo", escreveu Anielle Franco
A irmã da vereadora Marielle Franco, Anielle Franco, relatou nesta segunda-feira, 9, ter sido vítima de agressão verbal no Rio de Janeiro por homens que usavam camisetas do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), adversário de Fernando Haddad (PT) no segundo turno das eleições.
Nas redes sociais, Anielle relatou que andava na rua com a filha de dois anos no colo quando foi reconhecida pelo grupo, que fez ofensas relacionadas a suas posições políticas. A irmã da vereadora, assassinada em março deste ano, ficou conhecida ao virar porta-voz da família sobre a morte de Marielle.
“Hoje, com minha filha de dois anos no colo, andando na rua, próximo a um shopping, sem nenhum adesivo, nenhum broche, nenhuma camisa, nenhuma bandeira recebi gritos na minha cara. Repito: Gritos na minha cara – e consequentemente na dela (que ficou assustada claro). Gritos de que eu era ‘da esquerda de merda’, ‘Sai dai feminista’, ‘Bolsonaro… Piranhaaa” de homens devidamente uniformizados com a camisa do tal candidato'”, escreveu.
- Modelo brasileira relata ter sido agredida por noivo na Espanha
- Paulo Vieira sofre ataques racistas de bolsonaristas: ‘Macaco’
- Veja como foi o debate do 2º turno entre Lula e Bolsonaro na Globo
- Líder de motociata convoca apoiadores de Bolsonaro a “matar e quebrar urnas”
“Hoje eu tive medo! Medo mesmo. Não deveria, mas tive. Foi assustador. Ainda mais com minha filha no colo. Eu sozinha teria sido outra história (quem me conhece sabe)!”, completa Anielle.
O assassinato de Marielle Franco segue sem respostas. De acordo com a Divisão de Homicídios do Rio, o principal suspeito é o miliciano Orlando de Curicica. Ele declarou, em depoimento, que a vereadora e o motorista Anderson Gomes foram mortos pelo “escritório do crime”, um grupo de matadores de aluguel formado por policiais militares e ex-policiais.
Veja o relato na íntegra:
“Medo!!!!
Desde o dia 14 de Março eu assumi um outro lugar de fala. Lugar esse que me foi imposto. Eu preferia ela viva do que ter que passar e aturar o que tô passando. Digo isso de pessoas até fatos!
Comecei a falar pela família da vereadora morta/assassinada cruelmente, e com isso algumas pessoas passaram a me reconhecer na rua.
Uns reconhecem pra dizer apenas meus sentimentos.. outros.. isso
Hoje, com minha filha de dois anos no colo, andando na rua, próximo a um shopping, sem nenhum adesivo, nenhum broche, nenhuma camisa, nenhuma bandeira (era só eu e Mariah, ela com roupa de creche e eu com roupa de trabalho) recebi gritos na minha cara – Repito: Gritos na minha cara – e consequentemente na dela (que ficou assustada claro) Gritos de que eu era “da esquerda de merda” “Sai dai feminista” “Bolsonaro… Piranhaaa” de homens devidamente uniformizados com a camisa do tal candidato.
Hoje eu tive medo! Medo mesmo. Não deveria, mas tive. Foi assustador. Ainda mais com minha filha no colo. Eu sozinha teria sido outra história (quem me conhece sabe)!
Bom, não estou escrevendo pra que ninguém tenha pena. Mas para que repensem a sua maneira de fazer política. Por conta de um antipetismo vcs preferem propagar o ódio e a violência?! O seu candidato, em suma, defende esse tipo de postura, e outras coisa bem piores! Pensem bem!
Por fim..Seguimos na luta! Por aqui vai ter luta sim! Hoje e sempre. Na verdade sempre teve. Nossa luta vem de muito antes disso tudo. Essa luta não acaba dia 27. Nem hj, nem ano que vem, nem muito menos em 2020. Ela vai muito além. Ela se intensifica. Ela vira pública. Ela ganha força, apoio e forma!
É só pararem de nos matar!!!!!”