Itamaraty tira do ar apostila com frase preconceituosas e ataques a Lula e MST

Cartilha para ensinar português a estrangeiros associava beleza a cabelo liso

15/07/2020 10:28

O Itamaraty tirou do ar uma apostila sobre língua portuguesa com conteúdo de cunho preconceituoso e ideológico que era oferecida em 44 países onde o Brasil mantém embaixadas.

O documento continha ataques ao ex-presidente Lula e ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e frases machistas contra o aborto e cabelos crespos, por exemplo.

 Cartilha para ensinar português a estrangeiros associava beleza a cabelo liso; Itamaraty diz que conteúdo estava disponível desde 2013
 Cartilha para ensinar português a estrangeiros associava beleza a cabelo liso; Itamaraty diz que conteúdo estava disponível desde 2013 - Reprodução/Twitter

A cartilha estava disponível no site do Ministério das Relações Exteriores (MRE) até a noite da terça-feira, 14, mas foi retirada do ar após ser alvo de críticas no Twitter.

A apostila, elaborada pela professora Airamaia Chapina, que tem uma escola de idiomas em São Paulo, trazia um enunciado que apontava o ex-presidente Lula como corrupto. “Se eu soubesse que o Lula seria tão corrupto e se envolveria com o mensalão, eu não teria votado nele”, diz o texto.

Além incentivar o alisamento de cabelo, a cartilha do MRE também pedia ao aluno completar frases como: “O exército iraquiano enfraqueceu depois do ataque americano”; “A Argentina empobreceu na última década”; “Se as mulheres não abortassem, não haveria tantas clínicas de aborto clandestinas”; “Se o MST se apropriar de nossas terras, nunca mais conseguiremos reavê-las”.

Os cursos de português para estrangeiros são oferecidos através da Rede Brasil Cultural, um instrumento do MRE para a promoção da língua portuguesa e da cultura brasileira no exterior.

Questionado pelo jornal O Globo, o Itamaraty afirmou que o material “não se coaduna com as diretrizes estabelecidas pelos guias curriculares” e, por isso, foi “prontamente retirado da página eletrônica da Rede Brasil Cultural”.

De acordo com a pasta, o material estava no ar desde 2013 e que foi incluído no sistema por “terceiros”.