Jacarezinho: MP decide por versão dos policiais e arquiva 23 mortes
A decisão vem um ano após a ação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, que deixou 28 mortos e chegou a ser chamada de chacina
Um ano após a Polícia Civil matar 27 civis durante uma operação na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio de Janeiro, o Ministério Público (MP-RJ) decidiu arquivar o inquérito sobre 23 mortes. As informações são do portal UOL.
Segundo o Ministério Público, dez das 13 investigações abertas sobre o caso foram fechadas por não encontrar irregularidades. Essas dez investigações são referente a 24 mortes que ocorreram durante a ação naquele dia, mais de 82% do total.
A força-tarefa concluiu que os policiais mataram em legítima defesa. De acordo com a promotoria, não foram encontradas provas de que policiais renderam e mataram pessoas.
- Universidade da Espanha oferece 30 bolsas para brasileiros
- O que acontece quando olhamos fixamente nos olhos de um cachorro, segundo a ciência
- Em feito inédito, equipe feminina conquista vaga no torneio tier 1 de Counter Strike
- Estudo alerta para o risco de câncer de intestino em jovens brasileiros
Duas denúncias foram aceitas pela Justiça.
Uma em que os traficantes Adriano de Souza de Freitas, o Chico Bento, e Felipe Ferreira Manoel, conhecido como Fred, são denunciados pelo homicídio duplamente qualificado do policial civil André Leonardo de Mello Frias e por serem chefes do tráfico no Jacarezinho.
Na outra, dois policiais viraram réus na Justiça pela morte de Omar Pereira da Silva, de 21 anos, baleado no Beco da Síria. Douglas Lucena Peixoto Siqueira e Anderson Silveira Pereira, que pertencem a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), têm audiência marcada para 29 de junho.
O UOL teve acesso as investigações da operação mais letal do RJ e constatou que os promotores “reproduzem a versão dos policiais em diversas oportunidades e demonstram ceticismo ante relatos que divergem deles”.
Além disso, entre as inconsistências verificadas nos casos que foram arquivados estão os indícios de mortes de já rendidos em ao menos três dos homicídios, segundo peritos ouvidos pelo UOL.
O fato de diversas testemunhas relatarem que os policiais removeram corpos de pessoas já mortas (o que é proibido) para atrapalhar as investigações.
Outra inconsistência verificada na avaliação do MP para arquivar dez dos 13 inquéritos é o fato do próprio Ministério Público ter dito que a perícia foi prejudicada por remoção dos corpos, mas ter considerado essa perícia para afirmar que houve confrontos. E também o fato de não terem sido feitos exames para constatar se havia pólvora nas mãos dos mortos.
Segundo o coordenador da força-tarefa, André Luís Cardoso, no entanto, o MP pode pedir o desarquivamento em até 20 anos caso surjam novas informações que possam reabrir as investigações de cada caso.