Jogador abandona jogo após ser alvo de insultos racistas em Portugal

O malinês Moussa Marega, do Porto, sofreu ataques racistas da torcida do Vitória de Guimarães

Mais um caso de racismo no futebol foi registrado na Europa neste domingo, 16. A vítima desta vez foi o atacante malinês Moussa Marega, do Porto, que abandonou a partida contra o Vitória de Guimarães pelo Campeonato Português.

Ao comemorar o segundo gol do Porto, Marega correu em direção à arquibancada apontando para o seu braço. Torcedores adversários responderam atirando objetos em direção ao atleta.

Atacante malinês Moussa Marega, do Porto, faz gesto para torcida do Vitória de Guimarães após ataques racistas
Créditos: Reprodução/Instagram
Atacante malinês Moussa Marega, do Porto, faz gesto para torcida do Vitória de Guimarães após ataques racistas

O gesto de Marega foi uma resposta aos cânticos racistas e sons que imitavam macacos da torcida do Vitória de Guimarães a cada vez que tocava na bola.

Pelo gesto, o atacante do Porto foi advertido com um cartão amarelo pelo árbrito, o que revoltou Marega e deixou o gramado fazendo gestos de “negativo” e mostrando o dedo médio aos torcedores adversários.

Jogadores do Porto e do Vitória de Guimarães tentaram convencer Marega a seguir no jogo, mas sem sucesso.

Nas redes sociais, Marega chamou quem o ofendeu com insultos racistas de idiotas. Ele também ironizou os árbitros “por não me defenderem e por terem me dado um cartão amarelo porque defendo minha cor da pele”. “Espero nunca mais encontrá-lo [juiz principal] em um campo de futebol!”.

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Gostaria apenas de dizer a esses idiotas que vêm ao estádio fazer gritos racistas … vá se foder 🖕🏾🖕🏾 E também agradeço aos árbitros por não me defenderem e por terem me dado um cartão amarelo porque defendo minha cor da pele. Espero nunca mais encontrá-lo em um campo de futebol! VOCÊ É UMA VERGONHA !!!!

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Moussa Marega é ex-jogador do Vitória de Guimarães, equipe em que atuou na temporada 2016-2017, emprestado pelo Porto.

Racismo: saiba como denunciar e o que fazer em caso de preconceito

Racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89 e deve sempre ser denunciado, mas muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.

Pela internet

Para denunciar casos de racismo em páginas da internet ou em redes sociais, o usuário deve acessar o portal da Safernet e escolher o motivo da denúncia.

Além disso, é necessário enviar o link do site em que o crime foi cometido e fazer um comentário sobre o pedido. Após esses passos, será gerado um número de protocolo, que o usuário deve usar para acompanhar o processo.

Se atente em unir provas! O primeiro passo é tirar prints da tela para que você possa comprovar o crime e ter como denunciar. Depois, denuncie o usuário pelo serviço de denúncias da rede social em que ocorreu o ato.

Por telefone

O Disque 100 é serviço do Governo Federal para receber denúncias de violações de direitos humanos.

Desde 2015, o serviço conta com dois módulos novos: um que recebe denúncias de violações contra a juventude negra, mulher ou população negra em geral e outro específico para receber denúncias de violações contra comunidades quilombolas, de terreiros, ciganas e religiões de matriz africana.

O serviço também aceita denúncias online de discriminação ocorrida em material escrito, imagens ou qualquer outro tipo de representação de idéias ou teorias racistas disseminadas pela internet.

Delegacias

A denúncia contra crime de racismo pode ser feita em delegacias comuns e naquelas especializadas em crimes raciais e delitos de intolerância. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) cumprem essa função.

Atualmente, o Decradi está vinculado ao Departamento Estadual de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP), em São Paulo, e ao Departamento Geral de Polícia Especializada da Polícia Civil, além de estar inserida no programa Delegacia Legal, no Rio.

Em outros estados, existem delegacias especializadas em crimes cometidos em meio eletrônico, que podem ser acionadas em situações de injúria racial virtual.