Joice diz que Eduardo e Carlos Bolsonaro organizam envio de fake news

Ela apresentou uma série de slides que mostram como funciona o esquema e disse que eles usam R$ 491 mil em dinheiro público pra financiar as fake news

04/12/2019 17:51 / Atualizado em 05/12/2019 20:23

A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) acusou o deputado Eduardo Bolsonaro e o chamado “gabinete do ódio”, que Carlos Bolsonaro faz parte, de organizarem o disparo de fake news nas redes sociais contra pessoas consideradas inimigas da família. As declarações foram dadas em depoimento, nesta quarta-feira, 4, para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) instaurada no Congresso Nacional para apurar o compartilhamento em massa de fake news.

Joice diz que Eduardo e Carlos Bolsonaro organizam envio de fake news
Joice diz que Eduardo e Carlos Bolsonaro organizam envio de fake news - Montagem com fotos da Agência Brasil

Joice afirmou que os bolsonaristas utilizam ao menos R$ 491 mil do dinheiro público por ano para espalhar fake news. Essa verba seria destinada ao “gabinete do ódio”, criado para cuidar da comunicação presidente, Jair Bolsonaro.

Segundo ela, o “gabinete do ódio” é formado por Filipe Martins, Tercio Arnaud, José Matheus e Mateus Diniz, que recebem o dinheiro público para produzir fake news e memes contra ex-aliados e adversários políticos.

A parlamentar apresentou uma série de slides que mostram como funciona o esquema. Segundo Joice, os  funcionários do ‘gabinete do crime’ respondem as ordens de Eduardo Bolsonaro para favorecer o governo de Jair.

Joice diz que Eduardo e Carlos Bolsonaro organizam envio de fake news
Joice diz que Eduardo e Carlos Bolsonaro organizam envio de fake news - Reprodução

“Eduardo está amplamente envolvido e é um dos líderes desse grupo que chamamos de milícia virtual”, disse Joice Hasselmann.

 

Joice diz que Eduardo e Carlos Bolsonaro organizam envio de fake news
Joice diz que Eduardo e Carlos Bolsonaro organizam envio de fake news - Reprodução/Twitter

Uma vez que o alvo é identificado e as montagens e notícias falsas são criadas, estes assessores enviam para os multiplicadores via Whatsapp, “a partir deste momento não tem mais volta”, ressaltou a deputada. O próximo passo é a ativação dos robôs que espalham a notícia pela internet.

“Em questão de minutos, temos uma informação espalhada para o mundo inteiro. A sensação que é passada é para que muitos fiquem aterrorizados com o levante da internet”, disse Joice.

“Eles escolhem quem será o da vez e essa pessoa é massacrada. Esse grupo não é WhatsApp. É um grupo fechado, que tem senha, dentro do Instagram”, prosseguiu. “Esse grupo coordenável da internet alimenta os robôs e grupos de movimentos bolsonaristas, como o Direita SP, que se retroalimentam”.

Segundo levantamento da deputada, somente as contas oficiais do presidente Jair Bolsonaro e de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, contam com 1,87 milhão de robôs.

A deputada ainda revela que para cada fazer cada um disparo por robôs, uma hashtags, gasta-se R$ 20 mil. “As publicações são pautadas e influenciadas por políticos. “Eduardo e assessores ativam as militâncias políticas. Muitos perfis são fakes para dificultar a responsabilização desses conteúdos. A expansão para a vida real é feita por robôs”, disse Joice.

“Eles usam sites laranjas para divulgar Fake News”, afirmou ainda a parlamentar. Ela chegou ainda a citar dois deputados do PSL que deveriam ser investigados pela polícia. “Participação do Douglas Garcia e do Gil Diniz, isso merece uma boa operação da Polícia”, disparou.

“Passou de todos os limites do bom senso. As agressões não são liberdade de expressão”, disse a parlamentar.

“Abin paralela”

A deputada disse que recebeu a informação de que Carlos Bolsonaro quer criar uma “Abin paralela” no governo federal. Segundo ela, o órgão funcionaria clandestinamente, de forma semelhante ao que acontece na Agência Brasileira de Inteligência do Brasil e que trabalharia até com a inclusão de grampos telefônicos.

Joice Hasselmann sugeriu que a comissão chame para depor o ex-ministro da Secretaria-Geral da República Gustavo Bebianno, hoje no PSDB, que saberia do caso e teria discordado da ideia de Carlos.