Jornal aponta lacunas em áudios de ligações de condomínio de Bolsonaro
Mais cedo, Bolsonaro disse que mandou todos os órgãos federais cancelarem assinaturas da Folha
A perícia feita pelo Ministério Público do Rio de Janeiro nas gravações da portaria do condomínio do presidente Jair Bolsonaro não avaliou a possibilidade de algum arquivo ter sido apagado ou renomeado antes de entregue às autoridades. É o que revela reportagem da Folha de S.Paulo.
Foi com base nessa análise que promotoras envolvidas no caso afirmam que foi o PM aposentado Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco (PSOL), quem autorizou a entrada de Élcio Queiroz, outro ex-policial militar também envolvido no crime.
A Promotoria nega e afirma que não constam indícios de adulteração nos arquivos recebidos em CD pelo órgão no dia 15 deste mês. O MP, no entanto, diz que o computador da portaria do condomínio Vivendas da Barra, de onde saíram os arquivos, não foi analisado.
- Joias de Bolsonaro geram memes nas redes sociais
- Receita afirma que governo Bolsonaro não tentou regularizar joias sauditas
- Jornalista entra ao vivo para corrigir informação do JN sobre Bolsonaro
- Lista de gastos no cartão corporativo de Bolsonaro é divulgada; veja
O Ministério Público não se manifestou sobre as lacunas da perícia.
Trechos do depoimento do porteiro foi revelado com exclusividade pelo “Jornal Nacional”, na terça-feira 29.
Cancelamento de assinaturas
Em entrevista ao programa “Brasil Urgente, do apresentador José Luiz Datena, da Band, o presidente Jair Bolsonaro disse que mandou todos os órgãos do governo federal cancelarem assinaturas do jornal Folha de S.Paulo.
Em tom de ameaça, o Bolsonaro também disse que os anunciantes do jornal “devem prestar atenção”.
“Determinei que todo o governo federal rescinda e cancele a assinatura da Folha de S.Paulo. A ordem que eu dei [é que] nenhum órgão do meu governo vai receber o jornal Folha de S.Paulo aqui em Brasília. Está determinado. É o que eu posso fazer, mas nada além disso”, disse Bolsonaro.
“Espero que não me acusem de censura. Quem quiser comprar a Folha de S. Paulo, ninguém vai ser punido por isso, manda o assessor dele, vai lá na banca e compra a Folha de S. Paulo, e se divirta”, completou o presidente.
Em nota, a Folha afirmou que “lamenta mais uma atitude abertamente discriminatória do presidente da República contra o jornal e vai continuar fazendo, em relação a seu governo, o jornalismo crítico e apartidário que a caracteriza e que praticou em relação a todos os outros governos”.
Donald Trump
A atitude de Bolsonaro é semelhante a tomada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na semana passada, quando passou a instruir órgãos federais a cancelar as assinaturas dos jornais The New York Times e The Washington Post.