Jornal aponta lacunas em áudios de ligações de condomínio de Bolsonaro

Mais cedo, Bolsonaro disse que mandou todos os órgãos federais cancelarem assinaturas da Folha

31/10/2019 23:41

A perícia feita pelo Ministério Público do Rio de Janeiro nas gravações da portaria do condomínio do presidente Jair Bolsonaro não avaliou a possibilidade de algum arquivo ter sido apagado ou renomeado antes de entregue às autoridades. É o que revela reportagem da Folha de S.Paulo.

 De acordo coma Folha, possibilidade de arquivos do condomínio de Boslonaro terem sido renomeados ou apagados não foi avaliada
 De acordo coma Folha, possibilidade de arquivos do condomínio de Boslonaro terem sido renomeados ou apagados não foi avaliada - Reprodução/TV

Foi com base nessa análise que promotoras envolvidas no caso afirmam que foi o PM aposentado Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco (PSOL), quem autorizou a entrada de Élcio Queiroz, outro ex-policial militar também envolvido no crime.

A Promotoria nega e afirma que não constam indícios de adulteração nos arquivos recebidos em CD pelo órgão no dia 15 deste mês. O MP, no entanto, diz que o computador da portaria do condomínio Vivendas da Barra, de onde saíram os arquivos, não foi analisado.

O Ministério Público não se manifestou sobre as lacunas da perícia.

Trechos do depoimento do porteiro foi revelado com exclusividade pelo “Jornal Nacional”, na terça-feira 29.

Cancelamento de assinaturas

Em entrevista ao programa “Brasil Urgente, do apresentador José Luiz Datena, da Band, o presidente Jair Bolsonaro disse que mandou todos os órgãos do governo federal cancelarem assinaturas do jornal Folha de S.Paulo.

Em tom de ameaça, o Bolsonaro também disse que os anunciantes do jornal “devem prestar atenção”.

“Determinei que todo o governo federal rescinda e cancele a assinatura da Folha de S.Paulo. A ordem que eu dei [é que] nenhum órgão do meu governo vai receber o jornal Folha de S.Paulo aqui em Brasília. Está determinado. É o que eu posso fazer, mas nada além disso”, disse Bolsonaro.

“Espero que não me acusem de censura. Quem quiser comprar a Folha de S. Paulo, ninguém vai ser punido por isso, manda o assessor dele, vai lá na banca e compra a Folha de S. Paulo, e se divirta”, completou o presidente.

Em nota, a Folha afirmou que “lamenta mais uma atitude abertamente discriminatória do presidente da República contra o jornal e vai continuar fazendo, em relação a seu governo, o jornalismo crítico e apartidário que a caracteriza e que praticou em relação a todos os outros governos”.

Donald Trump

A atitude de Bolsonaro é semelhante a tomada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na semana passada, quando passou a instruir órgãos federais a cancelar as assinaturas dos jornais The New York Times e The Washington Post.