Jornal divulga charge homofóbica e estimula violência contra população LGBT
Jornal O Pioneiro, de Caxias do Sul, alegou que a intenção da charge era promover uma reflexão sobre a homofobia
Um levantamento recente realizado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) revelou que uma morte LGBT acontece a cada 28 horas no Brasil motivada por homofobia. Os números, que refletem o pensamento de um país acostumado a violar os direitos básicos, ganham ainda mais apelo quando os meios de comunicação transformam a violência em humor. Assim aconteceu no tradicional jornal O Pioneiro, de Caxias do Sul (RS), popular noticiário da região das Serras Gaúchas.
Na última sexta-feira, 7 de agosto, uma tirinha em quadrinhos, assinada pelo chargista Iotti, mostra o personagem “Radicci”dizendo para o filho que, se ele fosse gay, seria tratado com violência física. A charge ganhou destaque por sua conotação homofóbica e gerou a indignação de diferentes grupos ligados às pautas LGBT.
No Facebook, o grupo GEMIS (Gênero, Mídia e Sexualidade) abordou a questão entre seus seguidores, abrindo espaço para o debate. O tema, que dividiu opiniões entre ‘retrato da realidade’ e ‘incentivo à violência’, propõe reflexão sobre o cenário no Brasil em meio à falta de políticas que busquem melhor resolução para o contexto de humilhação, agressões e mortes que hoje faz parte do cotidiano da população LGBT brasileira.
Aqui, deixamos uma reprodução da tirinha publicada para tentar acrescentar a importância do questionamento sobre o tema e, assim, buscar novos caminhos por tempos de paz, tolerância e respeito. Nos quadrinhos e, sobretudo, para os desafios da vida real.
Combate ao preconceito ?
Em resposta às críticas, o jornal alegou que “A tira do Iotti é focada em humor e a intenção é justamente chamar a atenção para a existência do preconceito e para o combate a ele. Nem o Iotti, nem o Pioneiro pensam como o Radicci”.