Jornalista critica cultura indígena durante programa de TV

12/01/2017 13:28

Os índios lidam até hoje com as consequências da colonização do Brasil. Os preconceitos que a minoria sofre estão inseridos nas ações do governo e da sociedade, assim como em seus discursos. A apresentadora Fabélia Oliveira, por exemplo, deu um show de intolerância ao falar sobre o samba-enredo da escola carioca Imperatriz Leopoldina.

“O índio não pode comer de geladeira, tomar banho de chuveiro e tomar remédios químicos”
“O índio não pode comer de geladeira, tomar banho de chuveiro e tomar remédios químicos”

Durante o programa Sucesso do Campo, exibido na Rede Goiás, a jornalista deu opiniões odiosas sobre a cultura indígena. Ao comentar sobre o samba ‘Xingu, O Clamor que Vem da Floresta’ – que repreende o agronegócio e a usina de Belo Monte -, ela disse que os compositores “mancharam a sua história”.

“Que conhecimento o tradicional malandro carioca tem para falar do homem do campo, para falar do índio, da floresta, para dizer que está certo ou errado e para dizer que alguém pede socorro. Eles falam que a floresta está pedindo socorro, mas não abrem mão da tecnologia do dia a dia, eles não abrem mão do veículo que eles andam. Ah, mas o Xingu está pedindo socorro, por quê? Alguém foi lá? Alguma coisa contra os índios? Não. Eles [índios] querem preservar a cultura e estão corretos, sou a favor dessa preservação se for o índio original, agora deixar a mata preservada para comer comida de geladeira não é cultura indígena, não”, afirmou Fabélia.

É comum acreditar que um índio só é considerado índio caso não tenha acesso aos privilégios do homem civilizado. Ser índio, no entanto, vai muito além do que está relacionado a vestimenta, alimentação e transporte; é uma questão de origem.

A apresentadora, ainda assim, continuou: “A minha opinião pode chocar muitos brasileiros. Eu sinto muito. Se ele quer preservar a cultura ele não pode ter acesso à tecnologia que nós temos. Ele não pode comer de geladeira, tomar banho de chuveiro e tomar remédios químicos. Porque há um controle populacional natural. Ele vai ter que morrer de malária, de tétano, do parto. É a natureza. Se quer lá, ele vai comer, ele vai tratar da medicina do pajé, do cacique, que eles tinham antigamente, aí justifica”.

Além disso, ela criticou a perda da cultura indígena e afirmou que os agricultores é que são heróis. “Já passei em aldeias indígenas que tivemos que pagar o maior pedágio, que era cinco vezes superior ao tradicional e com estradas horríveis, e estava lá o índio de óculos de sol, aparelho nos dentes, antena parabólica e caminhonete. Isso não é heroísmo, heroísmo é o produtor que trabalha sol a sol dia a dia”, declarou.

De acordo com informações do O Estado de S. Paulo, a Rede Goiás não se pronunciou sobre o caso, pois o programa é terceirizado e “as opiniões são de responsabilidade dos idealizadores”.

Veja abaixo o vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=YQZaQSJUqeA