Jovem agredida por brasileiro nos EUA grava briga com namorado
No áudio atribuído a Erick, o acusado dá uma aula de machismo e afirma que Melissa não sabe se “colocar” em seu "papel de mulher" e de "submissão ao homem"
A mineira Melissa Gentz, de 22 anos, agredida nos Estados Unidos pelo ex-namorado, também brasileiro, gravou parte da briga que teve com Erick Bretz, de 25. Os dois residem atualmente na Flórida, onde concluem os estudos.
No áudio atribuído a Erick, o acusado dá uma aula de machismo e afirma que Melissa não sabe se “colocar” em seu “papel de mulher” e de “submissão ao homem”.
“Você é uma mulher, véi, tem, que aceitar isso!”, diz ele, inconformado, após a vítima se recusar a entregar seu celular.
“Por que você é tão burra assim? Para de fazer burrice, véi. Você não tem noção de mais porra nenhuma. Já te falei, véi. Para de ser burra”, diz Erick, aos gritos. Ao fundo, é possível ouvir Gentz aos prantos.
“Eu pedi pra você não tirar o celular da minha mão daquele jeito”, argumenta ela.
“Eu pedi pra ver e você não deixou. Quando eu pedir pra ver, você me dá [o celular]. Você não aceita… Você não aceita o homem que tem mais dominância que você”, continua o acusado, que está preso nos EUA.
“Você acha que você é o homem da relação, mas você não é. você é uma mulher, véi. Tem que aceitar isso”, completa. Ouça o áudio clicando aqui.
Entenda o caso
A polícia dos Estados Unidos prendeu no último domingo, 23, o brasileiro Erick Bretz, de 25 anos, acusado de agredir a namorada, Melissa Gentz, de 22 anos. Os dois são naturais de Minas Gerais, e atualmente residem em Tampa, no estado norte-americano da Flórida, onde estudam.
De acordo com informações do portal G1, a vítima e o agressor namoravam há três meses. No dia em que a jovem foi espancada, ela estava na casa de Erick e os dois assistiam a um filme, quando o acusado começou a beber. Ela contou que ele toma remédio para dormir e que não podia misturar com bebida alcoólica.
“Depois de um tempo ele começou a ficar agressivo. Pedia sem parar o meu celular. Ele ficou elétrico. Eu queria dormir porque no outro dia eu tinha aula. Eu queria ir embora e ele não deixava”, disse Melissa.
Conforme a estudante, Erick a empurrou várias vezes, prendeu a cabeça dela entre as pernas dele, pegou um vidro de soro fisiológico e virou no rosto da então namorada.
“Ele apertava o meu rosto, chutou o meu rosto, me puxou pelos cabelos pelo apartamento. Ele bateu a minha cara no chão. Para eu me livrar dele, eu entreguei o celular e saí correndo para a portaria do prédio”, contou.
Por fim, ela relatou que o porteiro acionou a polícia e a ambulância que socorreram-na. Erick foi preso na tarde daquele mesmo domingo. Quando os agentes chegaram em sua casa, ele estava dormindo.
Para ser solto, o estudante precisará pagar uma fiança de US$ 60 mil – o equivalente a R$ 240 mil. Ainda, ele deverá entregar seu passaporte, e permanecer nos Estados Unidos até que o caso seja encerrado.
Melissa disse que essa não foi a primeira vez que Erick demonstrou ser ciumento e que ele sempre pegava seu celular, a fim de fiscalizar o aparelho.
“Ele gritava, me ameaçava, dizia que eu era louca, que eu era surtada. Eu não podia ficar sem o meu celular porque como moro fora eu preciso do celular”, relatou a jovem, que atualmente está com a companhia dos pais, que viajaram para os EUA.
Em seu perfil nas redes sociais, Melissa Gentz fez um desabafo, repostando uma foto que foi apagada escondida pelo ex.
“Estou repostando essa foto porque meu ex namorado deletou ela sem eu ver. Ele disse que mulher com namorado não podia ter foto “mostrando os seios” no instagram. Eu peço que TODAS as mulheres possam ter força e coragem para terminar relacionamentos abusivos como o meu último. Começou com reclamações das minhas fotos no Instagram, depois dos comentários nas fotos, mensagens que eu recebia no WhatsApp… até que ele me pegou pelo cabelo e disse que eu precisava aceitar minha realidade porque eu era a mulher da relação. Um homem que te trata assim não te respeita e não te vê nem como ser humano. Ele não vai mudar. Se coloque em primeiro lugar sempre antes que seja tarde demais”, escreveu ela.
https://www.instagram.com/p/BoHxvjqDrTM/?utm_source=ig_embed
Conforme o G1, o Itamaraty informou que a rede consular do Ministério das Relações Exteriores está averiguando o caso.
Violência contra a mulher
Atualmente, só no Brasil, o número de mulheres que morrem ou são violentadas é alarmante e demanda conscientização sobre os direitos e liberdades de cada um. No período de 1 ano, entre março de 2016 e 2017, o país registrou 8 casos do crime por dia.
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Assédio e violência são as principais preocupações das mulheres. A pesquisa foi realizada pelo Instituto Ipsos em 27 países, incluindo o Brasil. Entenda o estudo