Jovem denuncia trote universitário após passar 8 dias na UTI em Ouro Preto

Família acusa república de promover trote violento contra jovem que passou 8 dias intubado na UTI em Ouro Preto (MG)

No começo de 2022, Ayrton Almeida deixou a capital maranhense São Luís para viver o sonho de estudar engenharia na Universidade Federal de Ouro Preto (MG). Orgulho da família, o jovem de 23 anos foi morar em uma república universitária no Centro Histórico da cidade, onde acabou vítima de um violento trote de batismo tradicionalmente realizado pelos estudantes.

Em depoimento à Polícia Civil, Ayrton revelou que, durante meses, vivenciou um ritual de iniciação na moradia universitária em que estudantes eram submetidos a diversos tipos de testes para garantir lugar em um dos casarões.

Aprovado pelos veteranos de uma das repúblicas, Ayrton foi então convidado a uma festa de boas-vindas e, novamente, foi submetido a uma série de abusos físicos e psicológicos que o deixaram em coma. Levado à Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da cidade, Ayrton apresentava sintomas de excesso de bebida. O médico responsável pelo atendimento, ao constatar a gravidade do jovem, chamou a polícia para relatar o caso.

Depois dos primeiros socorros, o estudante foi transferido para a Santa Casa de Ouro Preto, onde passou 16 internado, dos quais oito intubado na UTI.

Os casarios históricos de Ouro Preto, em Minas Gerais
Créditos: luoman/iStock
Os casarios históricos de Ouro Preto, em Minas Gerais

Mãe acusa universitários

Em entrevista ao site do Jornal Nacional, a mãe Regina Araújo Veras afirma que o filho foi vítima de um trote durante a festa. “Eles dão uma pressão psicológica nos alunos, nos rapazes. Ele bebeu copos americanos, três copos americanos, cheios de cachaça, de pinga. Três copos americanos cheios de molho com óleo, molho de pimenta com molho shoyu. Eles deram um banho nele com balde de água gelada com pó de café. Apagou após o banho gelado e entrou em coma”, relata.

Parcialmente recuperado, Ayrton resolveu adiar o sonho de cursar engenharia e voltou para o Maranhão e, atualmente, faz tratamento contra as sequelas como crise de ansiedade, queda de cabelo, problema cardíaco e perda do movimento de um pé.

Em nota, a Universidade Federal de Ouro Preto afirmou ter instaurado uma comissão disciplinar, que pode levar à advertência, suspensão ou desligamento dos estudantes acusados pelo episódio.