Jovem é agredido após denunciar bombeiro armado por assediar mulher

"Ele acariciou o cabelo dela. Depois olhou com aquele olhar bem sacana mesmo. Ela ficou ficou traumatizada. Foi essa a minha revolta", afirmou o jovem

21/12/2020 18:57

Um jovem, de 25 anos, foi agredido por um bombeiro armado após denunciar um caso de assédio contra uma mulher, no Distrito Federal, no último sábado, 19. Jair Reis Canhête afirmou em entrevista à TV Globo que não conseguiu se conter ao presenciar a cena.

Jovem é agredido após denunciar bombeiro armado por assediar mulher
Jovem é agredido após denunciar bombeiro armado por assediar mulher - Reprodução

Segundo o jovem, o bombeiro militar Guilherme Marques Filho, de 52 anos, traumatizou a vítima. “Ele acariciou o cabelo dela. Depois disso, olhou com aquele olhar de: ‘Você gostou?’. Aquele olhar bem sacana mesmo. Ela ficou ficou pasma, ficou traumatizada. Foi essa a minha revolta, por isso que eu tomei toda essa ação”, disse Jair.

Ainda de acordo com Jair, ele voltava para casa quando viu o momento em que o bombeiro tocou no cabelo da jovem. “Aí eu tomei uma providência. Bati nas costas dele e perguntei por que estava fazendo aquilo. Ele negou e falou que apenas tocou sem querer. Só que a moça estava extremamente em choque”, diz.

O caso aconteceu num vagão do metrô, em Taguatinga, no DF. Após os dois descerem do trem, o bombeiro perseguiu o jovem, com uma arma, o ameaçou e deu dois tapas na cabeça de Jair. A situação toda após a saída do transporte público aconteceu dentro de uma loja e foi filmada por câmeras de segurança do local.

O jovem também contou que o bombeiro tentou sacar a arma que carregava, mas seguranças do metrô se aproximaram e controlaram a situação. Jair foi orientado a esperar Guilherme sair da estação para só depois seguir para casa.

“Assim foi feito. Eu fiquei na estação durante 10, 15 minutos e fui para casa. Só que, quando eu estava indo pra casa, ele estava escondido perto de uma escola e tentou me abordar, com a arma em punho. Quando eu vi isso, tentei correr para dentro da loja e fiquei lá dentro. Fiquei posicionado em frente à câmera pra que pudesse pegar toda a ação dele”, contou o jovem, em entrevista à TV Globo.

A mulher vítima do assédio preferiu não ter sua identidade divulgada e confirmou a versão de Jair. Ela disse que ia em direção ao shopping quando foi tocada pelo bombeiro. “Estava na fila para comprar a passagem, quando um senhor [o bombeiro] chegou e passou a mão no meu cabelo. Perguntei o que tinha acontecido e ele saiu de costas, sorrindo”, disse.

O Corpo de Bombeiros do DF e a Companhia do Metropolitano do DF (Metrô-DF) abriram procedimentos para apurar o caso. A Polícia Civil também investiga.

Como denunciar importunação sexual e assédio

O Código Penal estabelece, no seu artigo 215-A, como importunação sexual “praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro”. E prevê uma pena de reclusão de 1 a 5 anos, em caso de condenação. Em razão dessa pena máxima estipulada em lei, acusados desse crime podem, em tese, ser presos em flagrante.

Nos crimes contra a dignidade sexual (como o estupro e a importunação sexual) é necessário fazer o boletim de ocorrência para que as investigações ocorram e, mais a frente, o Ministério Público possa acusar o agressor. Não há mais a necessidade da chamada “representação” (manifestar o desejo de ver o agressor processado) para esse tipo de crime. Ainda assim, apesar do Ministério Público ser o responsável por processar o agressor, a vítima pode buscar assessoria jurídica para ter apoio e se sentir segura durante todos os procedimentos necessários.

Para mais informações, clique aqui.