Jovem fala de experiências com assédio para lutar contra machismo

Modelo australiana questiona o modo como garotas são criadas para serem “boazinhas”

Cansada do machismo e da desigualdade de gênero nosso de cada dia que afeta milhões de mulheres ao redor do mundo, uma modelo australiana criou coragem e decidiu compartilhar com o mundo algumas de suas experiências de assédio e abuso.

O objetivo de Jessica Leahy foi uma forma de trazer o assunto à tona e servir como exemplo para outras mulheres que passam caladas por situações semelhantes, contribuindo, de algum modo, para tornar o mundo um lugar mais seguro e igualitário.

Além de relatar suas experiências para uma revista (confira aqui, em inglês), a jovem ainda fez uma postagem no Facebook para divulgar ainda mais o assunto.

“Cansado de ouvir as mulheres denunciando assédio sexual? Bem, então imagine o quanto nós estamos cansadas de viver o assédio”, diz ela na postagem. “Agora, chegando nos trinta anos, sou menos uma ‘boa garota’ e mais uma ‘mulher má’, me tornando cada vez mais incapaz de fingir um sorriso quando um homem faz algo nojento. E parece ser um rito de passagem para mulheres ao se aproximarem de certa idade”, esclareceu.

Em uma das histórias contadas pela modelo, Leahy exemplifica como a maneira como as mulheres são criadas e educadas pode interferir em situações de abuso. “Para mim, aconteceu em um trem à luz do dia, onde um estranho forçou sua mão por dentro de minha calça e me “pegou pela buceta”, contou ela.

“Talvez o mais chocante seja o fato de que eu não fiz nada. Nenhum tentativa de chamar atenção. Não queria fazer uma cena. A porta do trem abriu e eu saí correndo para a plataforma sem olhar pra trás. Por quê? Pela nossa obsessão cultural em criar as garotas para serem ‘boas’”, explicou.

Para ela, uma solução para isso seria que os pais parassem de ensinar que garotas precisam ser boazinhas, discretas e quietas, principalmente em situações em que elas são alvo de assédio. Desde o nascimento, somos ensinadas a não sermos rudes, mandonas ou difíceis a, acima de tudo, em não ser uma vadia. Essa obsessão com ‘ser boazinha’ está levando boas garotas de fato a passarem por maus bocados”, lamentou.

  • Leia mais: