Jovem gay diz ter levado spray de pimenta ao tentar fazer denúncia em delegacia

Victor havia sido vítima de homofobia momentos antes de sofrer mais uma violência, desta vez em uma delegacia

23/03/2022 18:01

Um jovem gay, identificado como Victor, denunciou uma situação de agressão por parte da Polícia Militar do Rio de Janeiro na madrugada desta última terça-feira, 22. De acordo com o relato, ele foi pedir ajuda porque havia sido vítima de homofobia quando foi recebido na delegacia com um jato de spray de pimenta no rosto.

Jovem gay diz ter levado spray de pimenta ao tentar fazer denúncia em delegacia
Jovem gay diz ter levado spray de pimenta ao tentar fazer denúncia em delegacia - Reprodução/Twitter @victorguedex

Segundo Victor, ele estava na fila do banheiro em um bar próxima a Pedra do Sal, quando percebeu dois homens observando-o de forma muito intimidadora.

“Ignorei. Mas, de repente, ele me arrastou para a calçada do bar e me golpeou com diversos chutes no rosto, na cabeça e no meu tórax. Todos viram o que aconteceu e ninguém me ajudou. Eu perguntava o nome da rua e do bar e ninguém me respondia absolutamente nada”, falou.

“Enquanto estava jogado em outra esquina totalmente desesperado e machucado, implorei pela ajuda dos pedestres e novamente, apenas olhares tortos”, prosseguiu.

Depois, ele foi em três delegacias, duas localizadas no centro do Rio de Janeiro e uma em Copacabana. Ainda segundo o relato, ele não recebeu atendimento em nenhuma delas. “Em todas as delegacias diziam que não podiam fazer nada por mim”, disse.

Porém, na segunda DP, Victor disse que o tratamento que recebeu foi ainda mais maldoso. Enquanto foi pedir ajuda, uma pessoa saiu da delegacia e jogou spray de pimenta no rosto dele. “A policial da segunda delegacia viu o meu desespero enquanto eu chorava desesperadamente e pedia socorro; ela simplesmente jogou gás de pimenta no meu rosto para eu sair dali”, escreveu.

Homofobia é crime

Desde junho de 2019, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que o crime de homofobia deve ser equiparado ao de racismo.

Em alguns casos, a discriminação pode ser discreta e sutil, como negar-se a prestar serviços. Não contratar ou barrar promoções no trabalho e dar tratamento desigual a LGBT são atos homofóbicos também.

Mas muitas vezes o preconceito se torna evidente com agressões verbais, físicas e morais, chegando a ameaças e tentativas de assassinato.

Qualquer que seja a forma de discriminação, é importante que a vítima denuncie o ocorrido. A orientação sexual ou a identidade de gênero não deve, em hipótese alguma, ser motivo para o tratamento degradante de um ser humano.

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