Jovem recebe passada de mão e quase leva soco no Carnaval de SP
Agressor tentou dar soco em jovem de 24 anos no bloco SP Beats, no centro da capital paulista
“Eu adoraria dizer que essa história é fictícia. Que ela não aconteceu, que ela é obra da minha imaginação e que ela não é apenas mais uma história entre uma infinidade de outras como ela”.
A advogada Camila*, de 24 anos, é mais uma das milhares de mulheres que foram vítimas de assédio sexual neste Carnaval. Na noite de terça-feira (28), ela estava indo embora com seus amigos do bloco eletrônico SP Beats, no centro de São Paulo, quando um folião passou a mão por seu corpo.
“Minha reação foi automática. Empurrei ele com toda a força para tirá-lo de perto de mim”, disse a jovem ao Catraca Livre.
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O agressor ficou irritado com o empurrão e tentou dar um soco no rosto da advogada. “A intenção dele era me machucar. Ele só não me machucou porque uma mulher que presenciou a cena foi rápida o bastante para me puxar pelo braço”, diz.
A moça a abraçou e disse: “Fica aqui. Ele é enorme. Ele vai te destruir. Você é tão bonita, ele vai destruir esse seu rosto lindo”.
Quando Camila chegou em casa, chorando, ela decidiu desabafar ligando para seu melhor amigo. “O que mais me marcou não foi a agressão física. Foi ele se sentir no direito de passar a mão no meu corpo, a ponto de achar que isso é a coisa mais normal do mundo. E depois, quando o impedi, ele ficou bravo como se ainda tivesse razão.”
No dia seguinte, quando acordou, a jovem escreveu um texto na internet para espalhar a ideia de que nenhuma mulher está imune ao machismo. “Eu pensei muito se deveria contar essa história. Pensei se valeria a pena, se faria sentido ficar remoendo isso, ou se eu não deveria simplesmente ‘deixar passar’. Só que essa história é importante e ela precisa ser compartilhada”, disse, na publicação.
Para ela, é urgente que as mulheres entendam a importância do feminismo. “Sempre tive a sensação de que abusos acontecem com outras pessoas e não comigo. Eu nunca tinha passado por isso. A gente vê tanta coisa na TV, no Facebook, e a gente nunca espera que isso vai acontecer conosco”, diz. “As pessoas têm que entender que quem faz tais abusos não são monstros, e sim homens normais, que estão no nosso lado, no dia a dia”.
No texto, Camila diz ainda que se sente frustrada por não poder denunciá-lo, uma vez que não o conhece tampouco sabe seu nome.
“Mas eu prefiro focar minhas energias naquela mulher, que decidiu intervir em uma situação em vez de fechar os olhos, já que aquilo supostamente não tinha nada a ver com ela. Eu também não a conheço, também nem sequer sei seu nome. Mas ela tem minha gratidão eterna. E, de toda essa história, o que eu vou levar comigo é o rosto dela. A gente precisa umas das outras. Sempre.”
*A identidade da vítima foi preservada.
Campanha #CarnavalSemAssédio
Pelo segundo ano consecutivo, o Catraca Livre promove a campanha #CarnavalSemAssédio com o objetivo de lutar por respeito na folia e pelo fim da violência contra a mulher. Quem está com a gente: a revista “Azmina” e os coletivos “Agora é que são elas”, “Nós, Mulheres da Periferia” e “Vamos juntas?”.
- Como parte da campanha, produzimos vários materiais que podem ser compartilhados nas redes sociais com a hashtag #CarnavalSemAssédio. Participe você também. Confira o conteúdo neste link.