Juiz manda Twitter excluir conta de jornalista por críticas a Bolsonaro e Universal

Decisão contra João Paulo Cuenca foi dada pela Justiça do Rio de Janeiro em processo movido por um pastor de São Paulo

26/11/2020 18:19

A Justiça do Rio de Janeiro ordenou que Twitter exclua a conta do jornalista e escritor carioca João Paulo Cuenca após críticas à família Bolsonaro e a Igreja Universal feitas na rede social.

A decisão é do juiz Ralph Machado Manhães Junior, da comarca de Campos dos Goytacazes, que acatou pedido de um pastor da IRUD em São Paulo. As informações são da Folha.

Juiz manda Twitter excluir conta de jornalista João Paulo Cuenca após críticas a Bolsonaro e Igreja Universal
Juiz manda Twitter excluir conta de jornalista João Paulo Cuenca após críticas a Bolsonaro e Igreja Universal - Reprodução/Facebook

O juiz entendeu que há incitação à violência “contra grande parte da população. “Não obstante ser reconhecido o direito constitucional da liberdade de expressão, no caso em tela, há a extrapolação do referido direito, pois, a postagem do réu é ofensiva e incitatória à prática de violência”, declarou o juiz na sentença.

Na ação, o pastor Nailton Luiz dos Santos também pede indenização de R$ 10 mil.

JP Cuenca comentou a decisão do juiz nas redes sociais: “Se esses senhores queriam fazer propaganda da minha paráfrase de Meslier, acho que conseguiram. Só essa semana, ela saiu no @nytimes e está sendo replicada milhares de vezes, hoje na @folha”.

https://twitter.com/jpcuenca/status/1331999024396857344

Entenda o caso do jornalista JP Cuenca

No tuíte, publicado em junho deste ano e que é motivo da ação, JP Cuenca, como é conhecido o jornalista carioca, escreveu que o “brasileiro só será livre quando o último Bolsonaro for enforcado nas tripas do último pastor da Igreja Universal”.

À época, o jornalista afirmou que o post era paráfrase de uma metáfora de quase 300 anos, escrita pelo francês Jean Meslier, no século 18. No original, se lê: “o homem só será livre quando o último rei for enforcado nas tripas do último padre”.

Desde a publicação, João Paulo Cuenca é alvo de uma enxurrada de ação coordena pela Igreja Universal do Reino de Deus em todo o país. De acordo com a Folha, a defesa do escritor contabilizou 134 processos em cidades de 21 estados. A soma dos requerimentos de condenação já ultrapassa o valor de R$ 2,3 milhões

O polêmico tuíte levou o jornalista ser demitido da filial brasileira da agência de notícias alemã Deutsche Welle.