Justiça nega pedido de Joice Hasselmann para censurar Catraca Livre

O juiz, no entanto, entendeu que nem todos os xingamentos citados pela deputada Joice Hasselmann foram feitos pelo jornalista, mas, sim por seus seguidores

28/08/2019 19:13 / Atualizado em 11/09/2019 12:14

O juiz Flavio Augusto Martins Leite, da 24ª Vara Cível de Brasília, negou um pedido de liminar à deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) para censurar o portal Catraca Livre e o seu perfil no Twitter.

O pedido de liminar está contido na ação de indenização por danos morais que a líder do governo Bolsonaro na Câmara moveu contra o site e o seu titular, o jornalista Gilberto Dimenstein.

A decisão é do último dia 21 de agosto. A informação é do site  Isso É Notícia

Em seu pedido, Joice Hasselmann alegou que foi chamada de maconheira, gorda, picareta, fraudadora, corrupta, desonesta, histérica e mentirosa em posts do jornalista.

Joice também afirmou na ação que o jornalista sugeriu o seu envolvimento com drogas e até a existência de relacionamento extraconjugal com o presidente Jair Bolsonaro (PSL).

O juiz, no entanto, entendeu que nem todos os xingamentos citados pela deputada foram feitos pelo jornalista, mas, sim por seus seguidores e isso não configura os requisitos para a antecipação da tutela na ação.

“De fato, dos textos juntados não se extrai exatamente a forma como a autora expressou os termos utilizados. Ademais, os réus não são responsáveis pelos comentários dos seguidores, que devem ser perseguidos, se for o caso, individualmente”, afirmou o juiz, na decisão.

O juiz ainda questionou o fato de a parlamentar ter dito que não foi expulsa do Sindicato dos Jornalistas do Paraná, conforme noticiado pelo Catraca Livre.

“Ainda que a autora esteja promovendo ação contra o Sindicato, fato é que nesse momento a afirmação de que a mesma foi expulsa é fato. Não configura qualquer ofensa a divulgação de fato”, completou o magistrado.

Sobre as outras alegações, o juiz afirmou que cabe, agora, ao jornalista e ao site se defenderem para depois o mérito ser julgado, mas, sem retirar as publicações do ar.

A verdade, porém, é outra.

Quem explica é o próprio Gilberto Dimenstein.

Está correndo nas redes sociais uma interpretação errada de um texto que escrevi sobre a deputada Joice Hasselmann: a de que eu a teria chamado de “maconheira”.

Não foi o que escrevi.

Fiz muito pior: o que eu, de fato, escrevi é que ela é uma jornalista pilantra, desonesta e sem caráter.

E provei.

A própria Joice, num sinal de histeria ou déficit cognitivo, ajudou a espalhar essa versão, reagindo furiosa:

Só usei um truque de texto, usando a maconha para mostrar sua desonestidade.

Não uso nenhuma droga. Não bebo e não fumo.

Mas, em essência, sou contra qualquer abuso.

Abuso de açúcar, de sal, de bebida, de comida, de sol na pele.

Usar moderadamente maconha, na idade adulta, não é mais perigoso do que beber moderadamente.

Como sabemos, o álcool causa no Brasil muitos mais problemas do que a maconha.

Eu até celebro as descobertas do uso medicinal da maconha, comprovados cientificamente.

Leiam agora o artigo que escrevi:

Joice Hasselmann diz que sou comunista; e se afirmasse que ela é maconheira?
Joice Hasselmann diz que sou comunista; e se afirmasse que ela é maconheira?

Suponhamos que eu escrevesse aqui de forma categórica: Joice Hasselmann é maconheira.

E ainda mostrasse essa foto acima, tentando dar um ar de verdade à acusação.

Mas sem apresentar uma única prova.

O que vocês diriam?

Diriam (e com razão) que sou um jornalista irresponsável –um pilantra profissional.

Suponhamos mais: ofendida (e com razão) Joice pedisse algum indício para sustentar minha acusação.

Não provo nada.

E, para completar, não desminto.

É exatamente essa atitude que a deputada está, neste momento, tendo comigo.

Ela me chamou de ativista comunista.

Tenho horror ao comunismo –como tenho horror a qualquer ditadura.

É uma negação de tudo o que defendo: democracia com economia de mercado, compensada com investimentos sociais.

Minha vida sempre foi defender direitos humanos.

Pedi a Joice que mostrasse um único indício de que sou comunista.

Não seria difícil achar: um artigo, por exemplo.

Apenas isso, um artigo.

Preferiu manter o que disse.

O que é uma pilantragem.

Até entendo que não é fácil pedir ética de uma jornalista condenada pelo conselho de ética do Sindicato do Paraná por ter plagiado dezenas de reportagens.

Ou que tenha sido condenada por usar clandestinamente a marca da Veja.

Mas posso garantir ser menos improvável Joice fumar maconha do que eu ser comunista.

Aliás, no caso dela até pode ter um uso medicinal.