Justiça solta suspeito de mandar matar Bruno e Dom
Colômbia seria o chefe de um esquema de pesca ilegal na região
Rubens Villar Coelho, conhecido como Colômbia, suspeito mandado matar o indigenista Bruno Araújo e o jornalista Dom Philips, foi solto pela Justiça Federal do Amazonas.
A revogação da prisão preventiva foi expedida na última quinta-feira, 6.
Colômbia é investigado pela Polícia Federal e seria o chefe de um esquema de pesca ilegal na região. Bruno e Dom desapareceram em 5 de junho, na região do Vale do Javari, na Amazônia, supostamente por fotografar a prática irregular.
Na ocasião das investigações, Colômbia foi preso por posse de documento falso. Ele nega participação no crime.
Por envolvimento com o crime, duas pessoas foram presas. Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado”, que confessou o assassinato, e o irmão dele, Oseney da Costa de Oliveira.
Além de uma mochila com pertences dos dois desaparecidos, a investigação conduzida na região localizou vestígios de sangue no barco de Amarildo e em uma lona.
Relembre o caso de Bruno e Dom
O indigenista brasileiro, Bruno Pereira, e o jornalista inglês, Dom Phillips, desapareceram em 5 de junho, na região do Vale do Javari, na Amazônia, região que é palco de conflitos relacionados ao tráfico de drogas, roubo de madeira, garimpo e pesca ilegal. A procura pelos dois durou 10 dias e terminou com a confissão do assassinato por Amarildo Costa.
A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari discorda da Polícia Federal e aponta: “O requinte de crueldade utilizados na prática do crime evidenciam que Pereira e Phillips estavam no caminho de uma poderosa organização criminosa que tentou à todo custo ocultar seus rastros durante a investigação”, destacou a Univaja.
Segundo a entidade, o grupo de caçadores e pescadores profissionais, envolvido no assassinato de Pereira e Phillips, foi descrito em documentos enviados ao Ministério Público Federal, a Funai e a PF.
“Com esse posicionamento, a PF desconsidera as informações qualificadas, oferecidas pela UNIVAJA em inúmeros ofícios, desde o segundo semestre de 2021, período de implementação da EVU. Tais documentos apontam a existência de um grupo criminoso organizado atuando nas invasões constantes à Terra Indígena Vale do Javari, do qual Pelado e Do Santo fazem parte”, disse a entidade em nota.
“Foi em razão disso que Bruno Pereira se tornou um dos alvos centrais desse grupo criminoso, assim como outros integrantes da UNIVAJA que receberam ameaças de morte, inclusive, através de bilhetes anônimos”, diz ainda a entidade.
A Polícia Federal investigava um esquema de lavagem de dinheiro para o narcotráfico por meio da venda de peixes e animais que poderia estar relacionado ao assassinato de Bruno e Dom.
As apreensões de peixes que seriam usados no esquema foram feitas por Bruno Pereira. As embarcações levavam toneladas de pirarucus, peixe mais valioso no mercado local e exportado para vários países, e de tracajás, espécie de tartaruga considerada uma especiaria e oferecida em restaurante sofisticados dentro e fora do país.
A ação de Pereira contrariou o interesse do narcotraficante Rubens Villar Coelho, o “Colômbia”, que tem dupla nacionalidade brasileira e peruana. Ele era peça chave desse esquema que usa a venda dos animais para lavar o dinheiro da droga produzida no Peru e na Colômbia, que fazem fronteira com a região do Vale do Javari, vendida a facções criminosas no Brasil.
Em um encontro realizado na ocasião dos crimes, caciques e lideranças indígenas de cinco etnias que habitam o Vale do Javari mencionaram o nome de um traficante local, conhecido como “Colômbia”, que fora apontado pela PF como tendo envolvimento no desaparecimento de Bruno e Dom. Há suspeita de que ele teria ordenado a Amarildo da Costa de Oliveira, o Pelado, a colocar a “cabeça de Bruno a leilão”.