Líder de protesto antidemocrático no DF comemora fake news de duplo sentido
Depois de Thomas Turbando e Paula Tejando, veio aí o ministro 'Jallim Habbei'
Uma das organizadoras do protesto bolsonarista em frente ao quartel do Exército de Brasília celebrou uma notícia falsa produzida para ridicularizar os manifestantes. Ana Paula Melo publicou que um ministro dos Emirados Árabes Unidos, com o nome “Jallim Habbei”, não reconheceria a vitória de Lula (PT) contra Jair Bolsonaro (PL).
Bolsonaro? Mourão? Dilma? Quem deve passar a faixa presidencial a Lula?
O ministro, porém, nem existe. O nome criado forma uma piada quando lido em base da língua portuguesa (já lhe enrabei). Nos comentários, a organizadora ainda teve apoio. “Eita, glória”, disse uma seguidora. Outra postou emojis de palmas para a fake news. Uma pessoa ainda tentou fazer o alerta: “Observe o nome do ministro”. No entanto, Ana Paula continuou com a postagem.
- Mensagens mostram como bolsonaristas organizaram ato terrorista no DF
- O que Biden, Macron e outros líderes mundiais falaram sobre o terrorismo em Brasília?
- Por que o ex-empresário de Jair Renan Bolsonaro foi preso?
- Regina Duarte começa o ano com Fake News sobre faixa usada por Lula
O texto compartilhado diz que o ministro “Jallim Habbei”, das Relações Exteriores, afirmou que os Emirados Árabes Unidos “não irão reconhecer Luiz Inácio Lula da Silva como presidente do Brasil”.
Ana Paula publica praticamente todos os dias no Instagram notícias falsas e pedidos de intervenção do Exército para fomentar a continuidade dos protestos.
Nos primeiros momentos da manifestação, existia o pedido dos organizadores para que todos se mobilizassem por 72 horas, pois seria o prazo que Alexandre de Moraes teria para reconhecer que “houve fraude nas urnas” – o que não é verdade e também não aconteceu.
O prazo até causou uma confusão com os próprios bolsonaristas, já que o feriado de finados, em 2 de novembro, caiu dentro desse período de tempo. Depois do final do prazo inventado, mais notícias falsas eram espalhadas para manter manifestantes no local. Em 7 de novembro, o anúncio do Ministério da Defesa, dessa de verdade, divulgou que teria um relatório sobre a fiscalização das urnas.
O documento foi liberado dois dias depois. Grande, ele não consegue provar qualquer fraude no processo eleitoral, mas deu margem para interpretações descabidas dos bolsonaristas. Depois de 24 horas da divulgação, uma nova nota do Ministério postou que o relatório “embora não tenha apontado, também não excluiu a possibilidade da existência de fraude”, o que inflamou ainda mais os protestos.
De lá pra cá, há grandes convocações de mais pessoas para irem a Brasília, principalmente aos domingos e feriados. Organizadores permanecem todos os dias no local, com uma estrutura cara, com banheiros, comidas, bebidas, tendas, barracas e outras condições que os permitem dar continuidade. Empresários que supostamente têm arcado com os custo desses atos antidemocráticos estão na mira do Ministério Público Federal.