Língua do futebol: São Paulo recebe a primeira Copa Gringos de 13 de abril a 8 de junho

Cerimônia de premiação contará com a participação do ex-jogador Raí

Dos altiplanos bolivianos às savanas do norte camaronês, das ruas operárias de Manchester às esquinas da La Boca portenha, uma bola, duas traves e o pontapé inicial traduzem todas as possíveis diferenças estipuladas pelo idioma, cultura e os costumes. No futebol, o mundo se reconhece e se encontra.

E neste domingo, em São Paulo, imigrantes de dezenas de países entram em campo na primeira edição da Copa Gringos, que acontece de 13 de abril a 8 de junho, numa quadra de society na Pompeia.

A competição, idealizada pelo jornalista e produtor francês Stéphane Darmani, de 40 anos, surgiu por conta de seu amor incondicional ao futebol e, também, pela vontade de reunir os estrangeiros das mais de70 nacionalidades que vivem na capital paulista. “São Paulo é uma cidade cosmopolita que abriga gente de tudo quanto é lugar. Tem chineses, japoneses, congoleses, nigerianos, franceses, espanhóis, bolivianos, mas raramente essas pessoas se cruzam por aí. Os imigrantes vivem sempre em suas comunidades, limitados a uma região da cidade, principalmente pela discriminação e pelas condições que sobrevivem”.

Competição contará com 24 equipes e será disputada no mesmo formato da Copa do Mundo da Fifa.

Nascido na cidade de Lyon, Darmani chegou ao Brasil há sete anos para trabalhar e decidiu ficar em São Paulo. Torcedor fanático do Lyon, o francês é um notável defensor do bom e velho futebol raiz, dos tempos de amor à camisa. Para ele, o futebol dos dias atuais em nada se compara ao esporte pelo qual se apaixonou durante a infância. “O futebol profissional de hoje é fruto do processo de globalização dos últimos anos. Hoje o que importa são os lucros gerados, as receitas, o patrocínio. Um futebol onde o que vale é o dinheiro, bem diferente daquilo que vivi e aprendi a gostar nos anos oitenta”.

Além do futebol como esporte, Darmani enxerga dentro de campo um cenário propício para a confraternização e interação. Daí surgiu a idéia de criar uma competição entre os imigrantes de diferentes países que vivem em São Paulo. “Primeiro propus a idéia para o consulado da França, que logo me ajudou a organizar o campeonato. Entramos em contato com as outras embaixadas por email, telefone e demos o primeiro passo. Essa será a Copa mais barata que já existiu”, brinca.

Filme Copa Gringos from La Vista on Vimeo.

Os convites não se limitaram a telefonemas ou emails. Pelas ruas do Centro de São Paulo, tradicional ponto das comunidades africanas e latino-americanas, o jornalista saiu em busca de interessados que topassem a idéia”.  Dessas andanças surgiram alguns dos favoritos ao título da copa, como as seleções da Bolívia e Paraguai.

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Ao todo, 24 times participam da competição que tem início neste domingo; são representados pelos seguintes países: Equador, Espanha, Inglaterra, Estados Unidos, Chile, Itália, Canadá, México, Bélgica, Portugal, China e Nigéria, Congo, Camarões, Peru, Alemanha, França, Japão, Argentina e Colômbia.

Além dos países citados, dois times reúnem representantes de diversos países, o Alpino ((combinado de Áustria e Suíça) e o Esperanto que conta com egípcios, turcos, tchecos, croatas e outros representantes. “A proposta desse campeonato vai muito além do futebol. A idéia é integrar as diferentes culturas, valores e reunir o imigrante que muitas vezes se sente sozinho em meio a tudo isso aqui. Ainda que o futebol não seja dos melhores, o mais importante serão os momentos de confraternização”, finaliza Darmani.