Lobão critica ditadura militar e irrita seguidores de Bolsonaro
Músico surpreendeu os eleitores de Bolsonaro e virou um dos assuntos mais comentados do dia nas redes sociais
Lobão não esconde nem nunca escondeu que seu posicionamento político é de direita. “Eu era um garoto que não gostava de nada da esquerda, odiava o Chico Buarque, acho a MPB uma bosta que, assim como o pensamento da esquerda, é uma masturbação ao nada, é mórbida, é morna, não tem sangue”.
Em novo vídeo publicado em sua conta no Instagram, o músico criticou a exaltação que o presidente Jair Bolsonaro pretende fazer ao golpe de 64, que instaurou uma ditadura militar no Brasil. Apesar disso, Lobão acredita que o que houve em 64 não foi um golpe, mas uma grande cagada.
“Eu vivi e lembro perfeitamente como foi antes, durante e depois de 1964. Nós temos que perceber que o regime de 64, seja ele ditatorial ou não, era um regime autoritário. E isso já é uma merda. Nós tivemos 23 anos de uma censura estúpida, que deixaram vazar a maior parte das informações que eles não queriam. Por exemplo, eu tinha uma música sobre triângulo amoroso que foi censurada por atentado ao pudor. Música super ingênua, sabe?! Pô, eu era parado na rua, blitz o tempo todo, e eu nunca fui comunista”, relatou o músico.
Lobão ainda disse que só quem é estúpido sente saudade da ditadura. “Nós tivemos um período muito escroto, e sentir saudade desse período é de uma estupidez que revela exatamente aquilo que eu tenho falado sobre a direita. A gente não pode glorificar expedientes sombrios, é contra a gente. A gente não tá olhando pra frente, o Brasil ainda está no século 20, nós ainda estamos nos anos 60. A direita nos anos 64 e a esquerda, nos anos 68”.
Apesar de se posicionar contra o período, Lobão acredita que os militares cumpriram seu papel em livrar o Brasil do comunismo. “Não podemos demonizar os militares da época do regime militar porque salvaram a gente do Cubão. Mas não podemos glorificar e torná-los heróis porque foi um regime tacanha, imbecil e ingênuo.”
O roqueiro finaliza dando um alerta para a direita: “A autocrítica é dolorosa, mas é ultra necessária”.
BOLSONARO COMEMORA O GOLPE
O porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro determinou que Ministério da Defesa realize as “comemorações devidas” pelo golpe de 1964, que instaurou uma ditadura no Brasil por 21 anos: