Mãe denuncia racismo e tentativa de sequestro da filha em Minas

Por ser negra e a filha branca, jovem penou para conseguir provar que é mãe da criança

A estudante de enfermagem Jamille Stephanie Sales, 22, passou por um susto na segunda-feira, 26, enquanto voltava de São Paulo para Minas Gerais. Na parada feita no restaurante Graal, em Perdões, já na capital mineira, a estudante foi lanchar com a filha, que tem um ano e cinco meses, e em seguida foram ao banheiro.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1294428564009601&set=a.360909384028195.1073741828.100003274104392&type=3&theater

Lá, uma mulher começou a brincar com sua filha e a pegou pela mão. De início, Jamille não se importou, mas em seguida a mulher gritou: “Solta a minha filha”. Uma funcionária do restaurante se aproximou para saber o que acontecia e a mulher disse: “Esta preta roubou minha filha”.

Jamille é negra, e a criança, assim como o pai, branca. Conforme o relato que ela deu à reportagem de “O Tempo”, a mulher que tentou sequestrar a criança era branca, com cerca de 30 anos e estava bem-vestida.

A funcionária perguntou se a estudante tinha como provar que é mãe da menina e logo a outra mulher se adiantou e mostrou uma certidão de nascimento de uma menina de um ano e oito meses. Jamille mostrou a carteira de identidade e o CPF da filha, mas isso não convenceu as outras pessoas.

“Os funcionários me seguraram e deram minha filha na mão dela. Ela ia ficar com minha filha porque é branca”, relatou. A mulher entrou em seu carro com a criança, mas Jamille a tirou e começou a mostrar fotos, vídeos do parto e a passagem da bebê. Só assim conseguiu provar e seguir viagem com a filha. A mulher que tentou o sequestro não foi presa nem identificada.

Logo que desembarcou, Jamille contou que foi à delegacia, mas os policiais não quiseram registrar a ocorrência porque ela não sabia o nome da mulher. Depois o B.O. foi registrado como subtração de menor de quem tem guarda. A advogada do Instituto de Ciências Penais, Carla Silene, disse que a pena pode variar de dois meses a dois anos, mas se a criança for devolvida sem sofrer maus-tratos pode ser que a pena nem seja aplicada.

O gerente do restaurante Graal disse que desconhece o que ocorreu na unidade em questão, mas vai ceder para a polícia as imagens do monitoramento de câmeras. A polícia civil começou a investigar o crime na terça-feira, 27.

Leia a reportagem na íntegra.

  • Leia também: