Major do Exército responde a ataques homofóbicos e viraliza

Casado desde 2018, Emerson Carneiro não abaixou a cabeça para manifestações preconceituosas de outros oficiais do Exército Brasileiro

18/03/2019 17:14

O major do Exército Emerson Cordeiro após ter uma foto ao lado do seu marido divulgada em grupos de Whatsapp de oficiais do exército sofreu com diversos comentários homofóbicos e não se calou.

Cordeiro, que vive em Campo Grande (MS), relatou o caso em seu Facebook, e seu depoimento viralizou — já ganhou 69 mil curtidas e mais de 14 mil compartilhamentos. Nele, o major denuncia que o intuito da disseminação de sua foto em centenas de grupos foi ofendê-lo e de “disseminar o ódio”.

Major Emerson Cordeiro não se cala frente ao preconceito
Major Emerson Cordeiro não se cala frente ao preconceito - Reprodução/Facebook

Em sua resposta a repercussão preconceituosa que a publicação sofreu, ele contou que casado desde 2018, seus superiores ficaram sabendo da união no mesmo dia em que assinou os papéis no cartório. O anúncio, à época, “foi tratado naturalmente, sem alarde”, disse.

“Postei em meu perfil privado do Instagram, pois estava num momento de muita felicidade e realização e achei por bem externar essa felicidade. Em rede social nada é privado, e poucos momentos depois um dos então ‘amigos’ do Exército Brasileiro que estava em minha rede deu um print da postagem privada e divulgou em um grupo de mensagens e daí em diante viralizou a imagem por outros grupos, formados na maioria por militares”, escreveu no Facebook.

Cordeiro conta que, em seguida, começou uma repercussão entre militares que “jamais imaginavam que um oficial de carreira do Exército pudesse assumir sua homossexualidade, ser feliz e realizado no trabalho”.

Para o major, sua publicação “foi um soco no estômago dos porcos homofóbicos que nos rodeiam e nos sondam muitas vezes anonimamente, inconformados com a felicidade alheia”.

No Facebook, Cordeiro ressalta que ama o Exército Brasileiro e que ele é uma instituição de “pessoas honradas” e que vem evoluindo em sua aceitação aos integrantes gays. Pondera, no entanto, que ainda há militares que não aceitam essa evolução. E desses ele disse sentir “pena”.

“muitos militares ficam inconformados com a evolução, com a mudança de pensamento e com o medo de despertar para seus desejos proibidos que até então sempre estiveram inertes e acorrentados em suas mentes reprimidas, exalando homofobia e preconceito. Nesse caso você tem a minha pena”, assegurou.

Ele também agradece aos que estão compartilhando a imagem, “por mostrarem as outras pessoas o seu desejo reprimido, sua inveja magoada por minha felicidade e toda a sua pobreza de espírito”.

Em um post mais recente, da noite deste domingo (17), ele denunciou que o preconceito que o atingiu não é um caso isolado, mas que muitos sofrem com ataques homofóbicos, mas que outros oficiais, com posições hierárquicas distintas, podem ter tido medo de trazê-los a público, como ele fez.

“Esclarecendo um pouco a situação que divulguei no Facebook, eu não sou o primeiro a ser alvo de ataques em redes sociais e grupos.  Muitos já passaram por isso, sofrendo calados esse tipo de perseguição, pois devido a seu momento na carreira, aspirações e estabilidade não podiam se manifestar”, denunciou o major.

“Não foi em um ou 2 grupos de Whatsapp que fui exposto a todo tipo de comentários homofóbicos e desrespeitosos! Foram em centenas! Grupos que abrangem o Brasil inteiro. Chega uma hora

que não podemos mais nos calar! Precisei enfrentar essa situação e me expor ainda mais para que outros depois de mim sejam respeitados como merecem”, finalizou o major em sua atitude de muita coragem e valentia, digna de um oficial do Exército Brasileiro.