Marcos Gladstone: pastor que combate a intolerância através da fé
Pastor Marcos Gladstone se converteu aos 14 anos após uma tentativa de suicídio
Em 2006, quando o pastor Marcos Gladstone fundou a Igreja Cristã Contemporânea (ICC) na cidade do Rio de Janeiro, ele tinha um objetivo bastante claro: ter um espaço de aceitação para qualquer pessoa exercer sua fé, não importando a sua orientação sexual ou identidade de gênero. Desde então, a igreja inclusiva já tem 13 sedes em quatro estados diferentes.
“Jesus acolheu o leproso, acolheu o pecador, amou incondicionalmente pessoas que a religião descartava e hoje a gente vive isso dentro da Igreja Cristã Contemporânea. A gente vem para o nosso templo viver aquilo que Jesus também viveu ao pregar e acolher aquele que era excluído pela sociedade e, principalmente, pela Igreja. Na ICC não repetimos discursos de ódio e intolerância”, diz o pastor.
Nascido em uma família católica não praticante, ele decidiu se converter aos 14 anos após uma tentativa de suicídio motivada por sua orientação sexual.
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“Eu não me sentia adequado em nenhum ambiente em que eu estivesse. Achava que se eu me assumisse gay seria rejeitado e teria muitos problemas. Também tinha muito medo de não ter uma família. Então eu quis acabar com aquela dor. Quem tenta suicídio não quer, necessariamente, se matar, mas quer acabar com a dor. Este episódio acabou sendo, de certa forma, interessante, por que logo em seguida eu e minha família fomos convidados a uma igreja e tudo se modificou”, explicou.
Daquele dia em diante tudo seguiu dentro do “esperado” para um evangélico gay praticante e isso incluía, inclusive, esconder sua orientação sexual para ter a possibilidade de formar uma família com uma mulher. Ele sempre acreditou que a igreja o recuperaria da atração que sentia por homens. Mas então aos 23 anos e noivo há quatro, viajou para São Francisco, nos Estados Unidos, a meca mundial da diversidade. Por lá, foi a um bar gay a convite de um amigo e se deparou com tudo o que tentou ocultar em si mesmo por tanto tempo.
“Naquela viagem tive uma revelação espiritual que me mostrava que Deus me amava e aceitava do jeito que eu era. Voltei ao Brasil e terminei o meu noivado. Mas a decisão mais difícil mesmo foi abandonar a igreja porque, apesar de saber que Deus me aceitava, a igreja não aceitava”.
Alguns anos depois ele fundaria a ICC que hoje conta com 3 mil membros. No local conheceu o marido e também pastor, Fábio Inácio com quem está há quatorze anos e com quem têm quatro filhos adotados – dois meninos e duas meninas – além de dois cachorros.
Agora, além de ações sociais que realiza na igreja, como a distribuição de cestas básicas para pessoas carentes, tem intenção de implementar casas abrigo para crianças e idosos.
“A adoção mexeu muito com comigo. A gente já faz obras sociais na igreja de diversas formas como a distribuição de cestas básicas, mas agora queremos dar passos maiores e criar um lar abrigo para crianças em situação de vulnerabilidade social. Também vamos fundar uma casa para idosos LGBTQIA+, pois nos deparamos com muitos idosos no final da vida em uma situação bastante precária sem o cuidado da família”, finaliza.