Marielle: miliciano vaza nome de suposto delator e testemunha

Em carta, o ex-policial Orlando Oliveira de Araújo nega acusações de que teria participado do assassinato da vereadora

A divulgação do nome de uma possível testemunha pode prejudicar as investigações

O ex-policial Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como “Orlando de Curicica” e suspeito de liderar um grupo miliciano que atua em Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro, escreveu uma carta na qual nega a participação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e vaza o nome de quem ele acredita ter testemunhado contra ele no caso. O documento foi divulgado pelo jornal O Dia.

Como informou uma reportagem do jornal O Globo nesta terça-feira, dia 8, o ex-policial teria sido mencionado por um delator juntamente com o vereador Marcello Moraes Siciliano (PHS). De acordo com Araújo, o homem que o delatou seria um miliciano que atua em uma comunidade vizinha. A divulgação do nome de uma possível testemunha pode prejudicar as investigações.

Na carta de duas páginas, o ex-policial afirma que vem “por meio desta esclarecer sobre os fatos que estão sendo veiculados na imprensa sobre o assassinato da vereadora Marielle e de seu motorista Anderson, que não tenho qualquer envolvimento nesse crime bárbaro”.

Marielle Franco, assassinada brutalmente no Rio
Créditos: marielle franco
Marielle Franco, assassinada brutalmente no Rio

Em seguida, Araújo cita o nome de um policial que seria o delator, além do batalhão onde este PM atuaria. O texto aparece com um erro na data: 9 de março ao invés de maio. Orlando ainda diz que “o policial [nome da testemunha] não tem qualquer credibilidade haja vista o mesmo chefia as milícias do Morro do Banco em conjunto com o tráfico de drogas da região”.

Segundo o jornal O Globo, uma testemunha afirmou em depoimento à polícia que Orlando Oliveira de Araújo, atualmente preso em Bangu 9 acusado de chefiar uma milícia, e Marcello Siciliano teriam participação no crime. Este colaborador teria pedido proteção das autoridades em troca das informações.

A testemunha declarou que presenciou quatro conversas entre o vereador e o miliciano (quando ele estava foragido), e informou nomes de quatro homens que teriam sido escolhidos para matar Marielle. O motivo do assassinato teria sido o avanço de ações comunitárias da vereadora em áreas de interesse da milícia na zona oeste da cidade.

O crime

Marielle Francovereadora do Rio de Janeiro pelo PSOL, foi morta no dia 14 de março no bairro da Estácio, região central da capital fluminense. Na ocasião, seu motorista, Anderson Gomes também foi assassinado.

Marielle ficou conhecida por sua atuação contra a ação bruta de setores da polícia nas comunidades do Rio. Dias antes de ser executada, a vereadora havia denunciado uma ação de policiais militares do 41º BPM (Irajá) na Favela de Acari. De acordo com Franco, moradores haviam reclamado da truculência com que policiais estavam abordando moradores.

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